MP ameaça pedir suspensão do Peti em Maceió

Quando a miséria vira motivo para uma reunião, os gestores públicos se movimentam, correm atrás do prejuízo depois de ameaças judiciais. E quando o prejuízo é previsto, torna-se pior. De novo, é a Secretaria Municipal de Ação Social em Maceió, já desabilitada e depois reabilitada em 15 programas sociais mantidos pelo Governo Federal, a ser o alvo, desta vez, do Ministério Público Estadual.
Há em Maceió 2.000 vagas para o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti)- de verba federal. Só que apenas 50% destas vagas são ocupadas hoje. Há um grande índice de evasão; só no Peti Bela Vista, próximo ao Lixão de Cruz das Almas, inaugurado há duas semanas, são 300 vagas abertas. Apenas 124 crianças estão por lá. E 174 estão matriculadas. Não dá para entender a conta de matemática, por isso, o MP acionou fórmulas mais precisas, estas mais rápidas para compreensão.
Foi o promotor Flávio Gomes quem deu o ultimato, em reunião na última segunda-feira com integrantes da secretaria, também presente a secretária, Sandra Arcanjo: ou existe mutirão para a retirada destas crianças, com funcionários e carros, dos semáforos e das ruas, ou o MP vai pedir, na Justiça, a suspensão do Peti; e os pais serão responsabilizados por abandono de incapazes.
Após a ameaça judicial, uma boa notícia para o Peti Bela Vista e o contribuinte: 50 crianças retornaram a estrutura, inaugurada com festa- e subaproveitada.
Claro, sabe-se que as crianças ganham muito dinheiro nas ruas, comparando-se aos R$ 80,00 do Peti; mas é claro também que não há justificativa para o Ministério Público assumir um trabalho, em tese, da secretaria. Não em uma Ação Social tão maltratada por escândalos, que deveriam ser uma lição do passado.
Nem o prefeito Cícero Almeida (PP) aceitou o tanto de descaso na secretaria, que teve suas mazelas mostradas no guia eleitoral. Na inauguração do Peti Bela Vista, repreendeu os integrantes da Ação Social, na frente de representantes da Procuradoria Regional do Trabalho. Pediu empenho na efetivação dos programas. Não entrou em detalhes, nem precisaria.
Mas, as 50 crianças do Peti voltaram ao Bela Vista; e faltam as outras mil, à espera de alguém com novo poder de ameaça. Um prefeito ou um promotor.