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Luis Vilar

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O que falta acontecer?

“O que falta acontecer?”. Esta tem sido a pergunta feita por muitos leitores que acessaram a matéria sobre uma criança que foi arrastada por um quilômetro, após uma tentativa de assalto. Não há quem não tenha se lembrado do Caso João Hélio. Por sorte, não tivemos um segundo caso semelhante em Alagoas. Porém, até quando dependeremos da sorte para sair de casa e voltarmos vivos? Até quando a sorte será o soldado que substitui a inoperância do poder público? Convenhamos, que nem sempre será um soldado atento.

Não se pode confiar na filosofia de que o acaso há de nos proteger enquanto andarmos distraídos. Diante da inoperância, estamos cada vez mais fechados em cubículos. Roubaram-nos até o direito de sermos claustrofóbicos, pois devemos nos acostumar com nossas prisões, de grades, condomínios, câmeras de segurança, dentre outras. O mais estarrecedor: um tipo de prisão que é privilégio de uma classe média ainda detentora de algum poder aquisitivo, ou de uma classe rica.

Para não citar casos alheios, falo de mim mesmo: já fui vítima de seqüestro relâmpago, já tive o carro roubado em estacionamento de supermercado, já fui assaltado no meio da rua, já tive dois veículos arrombados, fui vítima de uma saidinha de banco e pude presenciar um tiroteio entre bandido e polícia da varanda do apartamento onde moro. Os mais desatentos podem afirmar: “eis um jornalista de azar”. Eu diria que não: “sou um homem de sorte”. Afinal, estou vivo e ainda posso me dá ao luxo de comprar alguns artefatos para a minha prisão de segurança mínima, onde eu sou a vítima da inoperância da segurança pública e ao mesmo tempo… o preso.

Não se trata de culpar secretário, governador, prefeito, A ou B. Há uma culpa generalizada que propõe uma reflexão urgente. É claro, óbvio ululante, que temos uma polícia sucateada e que – durante anos – serviu a poderosos que orquestravam o Sindicato do Crime em Alagoas, sem exercer aquela que deveria ser sua função de fato. A Polícia Civil foi o ancoradouro e o manto de proteção para tantos, isto sem falar na Justiça.

O que nasceu deste cruzamento entre o poder obscuro e a despreocupação com as massas? A sensação de impunidade que conforta parlamentares corruptos ao passo que também acalenta os sonhos dos marginais mais insignificantes, porém armados e insuflados pelo poder do crack e outras drogas. A ausência do poder público que propaga a miséria permite que bandidos sejam capangas de figurões políticos sobre – inclusive – a bênção da Justiça. Temos uma polícia que não se limpa, nem se deixa limpar. Um parlamento idem. É a terra onde se pode tudo, porque o rei não sabe de nada. Na terra deste rei quem tem olho e caráter sofre por enxergar além do fim do caminho no qual desembarcaremos, se não tomarmos as rédeas, cobramos, nos manifestarmos, pressionarmos…dentre outras ações.

Quem tem apenas olho, aproveita espaços. Faz-se de mais inteligente que todos. Enquanto isto, sentados em frente à TV zapeamos canais assustados com os casos de repercussão nacional. Indignados com o grupo criminoso que invadiu um condomínio de luxo e matou moradores. Indignados com o jovem morto em uma mercearia por não aceitar pirulito como troco. Indignados com uma criança arrastada quilômetros por um criminoso que queria roubar o carro. Casos de repercussão nacional.

Casos que parecem distantes de nós. Então, ou mudamos, ou aumentamos o volume da televisão para fingir não escutarmos o bandido bater em nossa porta. Mas lembre-se, nem sempre ele bate. Na maioria das vezes, invade e mata por qualquer trocado. Cadê o poder público? O que houve? Não se espante! O poder público está onde sempre esteve e por nós foi colocado. Ao lado do cofre, pensando com intensidade em uma nova forma de roubar. O furto dos que andam de paletó e carro importado é genocídio também. Afinal, quantos não sofrem as consequências de R$ 300 milhões desviados. Vivemos entre os ASSASSINOS e os assassinos.

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