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Bispo Filho

Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Ter um filho pode acontecer por descuido. Ser pai, nunca. Ser pai é escolha.

Seu nome era liberdade. Por não ter asas nas costas, utilizava avião. Já saia de uma viagem planejando a próxima. Piscou, lá estava ele indo de novo. Era ótimo, feliz, realizado. Muitos amigos, um trabalho que amava. Um homem de amores certos: amigos, trabalho, família.

Olhando de fora, a vida parecia completa. Olhando de dentro, tinha espaço para mais um. Um filho chamado desejo? Ou um desejo chamado filho? Tinha espaço para mais um. Um espaço de voo, de sonhos. Um espaço para amar.

Foi assim que meu amigo se aventurou em uma nova viagem. A de se transformar em pai. Na mala, agora, um guri já grande. Sem cabelo louro, sem olho azul, sem pele da mesma cor. Exigências tão comuns em tantos lares.

Um menino lindo do jeito que é. Porque lindo é gostar sem ter padrão. Só gostar e pronto. Sem exigências. Sem exclusões. Lindo é amar diferenças. Assim veio o menino. Para se acharem em semelhanças.

Meu amigo agora é pai. Eu me pergunto: e as saídas? As viagens? A vida sem hora e sem destino? Filho prende. Dá trabalho. Dá despesa. Tem horário. Tem dever, prova, reunião na casa de amigo. Como vai ser? Será que ele vai se arrepender? Não vai. Não esse amigo.

Porque meu amigo ama. Amor é sonhar junto. É abrir mão. É estar à disposição. É querer ver bem. Estar do lado. Amor é investimento. É dar um jeito. É ser feliz com o possível.

É sentir o peito aquecer com a felicidade do ser amado. É olho brilhando junto. Amor requer sacrifícios. Mas Amor mais completa que esvazia.

Ter um filho pode acontecer por descuido. Ser pai, nunca. Ser pai é escolha. É opção. É laço sendo criado e recriado dia a dia. É não se importar do que se abre mão. E, olha, como se abre mão.

Ser pai é horário mais apertado. É levar e buscar. Um dinheiro para lanche. Um dinheiro para o passeio. Um dinheiro para o livro do mês. Ser pai é uma despesa sem fim. E ainda achar bonito.

É arranjar assunto. Perguntar como foi. Puxar orelha. Ser testado. Resistir. Amar assim mesmo. Dizer não. Dar limites. Correr para a emergência. Noites em claro com febre. Querer dormir e não poder. Dizer que ama de novo. E, realmente, amar mesmo assim.

Essa é a grande BATALHA. A batalha do amor. Uma luta que se trata a todo instante. Mesmo quando as forças parecem estar no fim. E nada parece dar certo. Ser pai é um ato de fé.

Ser pai é uma gravidez diferente. Onde não cresce a barriga, o que cresce é o coração. O umbigo não mais importa. O centro muda de centro.

Ser pai é um novo verão. Uma espécie de primavera.

Uma vida agora com flor.

Uma árvore que se descobriu em frutos.

Uma escolha só para fortes. Os fortes que entendem de amor.

Por: Mônica Raouf El Bayeh

Mônica é carioca, professora e psicóloga clínica. Especialista em atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias.

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