Lima Júnior classifica como “retrocesso” não apresentar acusados à imprensa

João Urtiga / Alagoas 24 HorasDSC_2548

Após o anúncio do ingresso de ação civil pública pelo Núcleo de Direitos Coletivos e Humanos da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, na última quarta-feira (8), que busca impedir a divulgação de imagens e fotos das pessoas presas pela polícia por meio da imprensa, o secretário de Segurança de Alagoas, coronel Lima Júnior, em entrevista concedida ao Alagoas 24 Horas nesta sexta-feira (10), declarou que a ação é um retrocesso e que se for acatada pela Justiça pode prejudicar o trabalho da polícia na elucidação de crimes.

Segundo o secretário, a medida é sem sentido e não há irresponsabilidade alguma em apresentar os rostos dos acusados em crimes. “Eu tenho uma posição muito forte quanto a isso. Primeiro que quem é apresentado tem mandado de prisão em aberto é porque a gente não pega na rua e coloca simplesmente lá, se existe um mandado em aberto é porque o juiz ficou convencido de que há indícios sim da prática do crime”, disse o secretário.

A medida assinada pelo defensor público Othoniel Pinheiro Neto levanta questionamentos quanto ao caso envolvendo os irmãos Émerson Palmeira da Silva e Aderson Leandro Palmeira da Silva, ocorrido em outubro de 2016. Na oportunidade, os irmãos foram apresentados à imprensa por meio de coletiva organizada pela Secretaria de Segurança Pública e apontados como responsáveis pela morte do professor de química da Universidade Federal de Alagoas, Daniel Thiele, de 35 anos, fato este que foi desmentido pouco tempo depois pelo Poder Judiciário, que inocentou ambos.

No entendimento do defensor, com a exposição antecipada de possíveis criminosos a possibilidade de atrelar prejuízos morais, sociais e até profissionais para o inocente se torna grande. “A gente não pode criar esse tipo de polêmica, isso não existe, não há irresponsabilidade em jogar o rosto na imprensa, pois as coletivas de imprensa têm o objetivo primeiro de apresentar e segundo de mostrar presos que, muitas vezes, acabam sendo reconhecidas pela população em outros crimes”, responde o secretário.

Na visão do secretário, a exposição tem ajudado no aumento de casos via Disk Denúncia da Polícia Civil. “Se assim fosse o entendimento correto da Defensoria não existiria lista de pessoas procuradas que existe em qualquer site de qualquer secretaria de Segurança do Brasil”, conclui.

Quanto ao questionamento de não utilizar o recurso das coletivas para, por exemplo, apresentar policiais da própria corporação envolvidos em crimes, como ocorreu durante a prisão do cabo da Polícia Militar de Alagoas Johnerson Simões Marcelino, acusado de matar os irmãos Josivaldo e Josenildo Ferreira Aleixo, no dia 25 de março de 2016, no Conjunto Village Campestre, o secretário alega que o nome e o rosto do militar já haviam sido anunciados pela própria corporação.

O militar foi preso antes do carnaval, mas a veiculação da operação policial só veio à tona nesta quinta-feira (9). “O fato já era público, todo mundo já sabia e já haviam feito a exposição dele. Não foi novidade ele ser preso, quem é o autor? Entende? Agora você sabe quem matou em Branquinha? É por isso que é apresentado pela SSP. Esse tipo de polêmica não existe na secretaria”, responde.

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