Banco Central aumenta taxa básica de juros para 6,25% ao ano, maior nível desde julho de 2019

Esta é a quinta elevação consecutiva da taxa Selic em 2021. Banco Central tenta conter a propagação das pressões inflacionárias.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (22), pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros. A Selic passou de 5,25% para 6,25% ao ano. É o maior patamar desde julho de 2019 — ou seja, em pouco mais de dois anos.

Em nota, o Copom afirmou que “antevê outro ajuste da mesma magnitude” — isto é, de um ponto percentual — na taxa Selic a ser definido na próxima reunião, no final de outubro.

O Comitê também considera que o “risco fiscal” do país segue elevado e que dúvidas sobre a aprovação das reformas defendidas pelo governo podem levar a novas elevações da taxa Selic.

“Questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, diz a nota.

Em pesquisa efetuada pelo BC na última semana com mais de cem instituições financeiras, analistas do mercado financeiro projetaram que a taxa Selic continuará avançando nos próximos meses e deve fechar o ano de 2021 a 8,25%.

Inflação

O principal instrumento do Banco Central para conter a propagação da alta de preços é a taxa básica de juros, que é definida com base no sistema de metas de inflação.

Normalmente, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic, e a reduz quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas.

Para 2021, a meta central de inflação é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%.

Neste momento, o BC já está olhando para a meta de inflação de 2022 para definir os juros. No próximo ano, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 0,87%. Esta foi a maior taxa para um mês de agosto desde 2000. Em 12 meses, a inflação atingiu 9,68%, a mais alta desde fevereiro de 2016.

De acordo com levantamento do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), mais da metade da inflação, neste ano, é resultado da disparada dos combustíveis, energia e carne. Esses estão entre os itens que mais têm pesado no bolso do brasileiro e na inflação.

O mercado financeiro estima que a inflação medida pelo IPCA somará 8,35% neste ano, mais do que o dobro da meta central (7,5%) e acima do teto de 5,25% do sistema de metas. Para 2022, a previsão de inflação do mercado está em 4,10%, acima da meta central mas ainda dentro do intervalo de tolerância.

O Copom avaliou que a inflação dos bens industriais deve se manter no curto prazo e que as pressões sobre os preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica também devem persistir.

Por outro lado, o comitê ponderou que mesmo uma “possível” reversão parcial no aumento dos preços das commodities internacionais contribuiria para conter a trajetória da inflação no Brasil. O Copom lembrou que o Brasil pode ser afetado pela queda nas projeções de crescimento das economias asiáticas em decorrência da variante delta da Covid.

Consequências da alta dos juros

De acordo com economistas, o aumento do juro básico tem vários reflexos na economia. Veja abaixo os principais:

A elevação da taxa de juros, o aumento do juro básico da economia, se confirmado, resultará em taxas bancárias mais elevadas, tendo impacto maior na linha e crédito para aquisição da casa própria (pois os valores buscados são mais altos). Além do juro básico, o aumento do IOF anunciado pelo governo também impacta o custo final dos empréstimos.

O aumento da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos, impactando, assim, o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda.

O aumento da taxa básica da economia gera uma despesa adicional com juros da dívida pública.

Cadernetas de poupança e aplicações financeiras em renda fixa tendem a render um pouco mais. Com o juro básico em 6,25% ao ano mais taxa referencial (TR), por exemplo, a poupança passará a render 4,37% ao ano, contra 3,67% ao ano, mais TR (com taxa Selic em 5,25% ao ano). Mesmo assim, o rendimento da poupança segue perdendo da inflação.

Fonte: G1

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