Jovem artista fará exposição no Museu do Louvre, na França

tuto Igoarias se chama “azul é a memória” e parte de sua investigação sobre a construção da memória, da bilateralidade entre consciente e inconsciente, usando retratos de um cotidiano comum, mas que carregam diversas situações silenciadas e que precisam ser colocadas ainda mais à vista, como por exemplo a violência contra crianças, e se aprofundando ainda mais, contra crianças negras, o racismo configurado, assim como também, silenciamentos coloniais e todas os entraves que isso traz para os dias atuais.

No dia da exposição o instituto estará recebendo doações voltadas a manutenção e propagação dos objetivos do instituto. Poderá contribuir com, alimentos não perecíveis; roupas; brinquedos para o instituto. Para a exposição a entrada será 1kg de ração (ou quanto desejar) que será destinado ao projeto de proteção aos animais Gapa.

Quando perguntado de como conheceu e se deu o contato para essa exposição no instituto, ele revela que foi através de uma ação do próprio Instituto Igoarias e assim começou a se desenhar o caminho, “eu conheci o instituto através do projeto ”bibliogeladeira”, que são geladeira reutilizadas para tornar o acesso aos livros facilitado na cidade, achei essa iniciativa incrível e decidi conhecer quem estava por trás. Fiquei encantado com o projeto e decidi ser voluntário, Igor (presidente e fundador do instituto) soube do meu trabalho na arte e me convidou”, conta Jhonyson Nobre.

Ao todo, serão 7 obras que ficarão expostas no instituto, além da própria parede em que as obras ficarão expostas que vai “sofrer” uma intervenção artística e também será um obra, que tem como uma das missões fomentar a arte e sua divulgação de artistas palmarinos. Essas obras irão construir uma narrativa só, como se estivessem e estarão, contando uma história. Ele ainda conta que suas inspirações surgem especialmente da memória, do estudo dela, e como já dizia José Saramago “somos a memória que temos”.

“É de muita importância pra nós do Instituto Igoarias poder receber a exposição desse artista palmarino, pois além de disseminar arte e cultura de qualidade pra nossa sociedade, temos a possibilidade de dar espaço a um artista incrível que vai ter suas obras expostas no Louvre em Paris o que é o maior e principal Museu do mundo”, comemora Igor Monteiro, presidente e fundador do Instituto Igoarias.

Jhonyson que acabou de se formar em direito, se considera artista desde sempre, “uma amiga minha diz que as pessoas acham que a gente nasce, alguma coisa acontece e viramos artistas, mas na verdade a gente nasce artista, alguma coisa acontece e deixamos de ser, de maneira profissional eu pinto há 1 e meio”, destaca o artista.

Para realizar suas obras, ele usa uma técnica “híbrida”, indo da pintura digital impressa sobre o tecido e faz uso da tinta acrílica. Ele revelou que antes pintava com tinta óleo, mas acabou desenvolvendo uma alergia e teve que abandonar o uso do produto. A exposição “azul é a memória” será a primeira do artista na cidade, pois a sua primeira exposição presencial, aconteceu no final do ano passado, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Maceió, uma exposição de arte contemporânea coletiva, organizada pela Galeria Gaia, da qual faz parte.

Além da exposição no Iphan, ele também participou de alguns outros projetos durante a pandemia, como o Mostra sua Arte em Belém/PA, que projetava as artes em prédios do centro da cidade.
“A arte é transformadora, mas infelizmente dentro desse sistema, é construída como algo da elite branca. Trazer as obras para o instituto é tentar torná-la mais acessível, atravessar diversas pessoas, até mesmo as que mais se parecem comigo e de onde vim. É dizer: ei, a arte pode estar no Louvre, na galeria, na periferia, em um projeto incrível como o instituto. Porque a arte está em todo lugar, sem hierarquia”, destaca.

Exposição no Museu do Louvre

Se não bastasse a exposição no Instituto Igoarias, as obras de Jhonyson atravessaram fronteiras e serão expostas no “Salão Internacional de Arte Contemporânea do Carrousel du Louvre” (que faz parte do complexo que é o Museu do Louvre), esse salão fica no piso subterrâneo do museu, em Paris. Serão duas obras que fazem parte de uma série chamada “Linhas, marcas e outras vivências” de onde saíram as duas obras que especialmente serão expostas na capital francesa.

A oportunidade veio através de um processo seletivo que aconteceu em 2020 mas, por conta da pandemia a exposição teve que ser adiada para abril deste ano. Trata-se de uma exposição coletiva, onde diversos artistas do mundo todo irão expor suas obras no Salão de Arte Contemporânea do Carrousel du Louvre, durante os dias 08 à 10 de abril. O processo é feito em parceria com diversas galerias inscritas no Carrousel do Louvre, elas selecionam os trabalhos que serão expostos, como acontecem todos os anos. No caso do Brasil, a galeria responsável pela seleção foi a “Vivemos Arte”.

Uma das duas obras se chama “Eu vejo a dimensão” e que foi usada como referência a irmã do artista, que além de familiares, usa amigos como base para criação de suas obras “eu conecto a minha memória com a questão do afeto pelos meus amigos e parentes e ressignifico algumas figuras que, de certa forma, são apagadas, mas que são parecidas comigo. São pessoas negras que tiveram uma história de resistência, luta, e um objetivo para trazer. Essas memórias apagadas eu tento trazer para o meu trabalho como uma forma de valorizar minha ancestralidade, meus traços, minha família, as pessoas que vieram antes de mim e construíram o caminho para que hoje eu pudesse, por exemplo, chegar num lugar como o Louvre”, salienta o artista.

A ida para a França era uma icógnita até então, mas recentemente o artista conseguiu apoio da prefeitura da cidade para custear a ida. E quando perguntado sobre o que sente indo expor num grande centro de arte e que muitos sonham em estar ele é direto, “a ficha ainda não caiu! Um misto de felicidade e ansiedade, me sinto muito grato por essa oportunidade e por viver coisas tão incríveis como essa, espero colher bons frutos e levar minha arte para mais lugares do mundo e do Brasil”, comemora Jhonyson Nobre.

Igor ainda destaca a necessidade de fomentar que mais artistas mostrem suas obras “Carecemos sim dar destaque aos artistas locais e mais que isso, incentivar que mais e mais pessoas saiam do casulo para voar voos mais altos, temos capacidade intelectual e artística para isso, não somos carência, somos potência!”, finaliza.

Fonte: Assessoria

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