Unasul convoca reunião de emergência sobre Venezuela

Oposição pressiona por recontagem dos votos, e chavistas rejeitam pedido.

AFPO presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro e o candidato opositor Henrique Capriles durante campanha

O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro e o candidato opositor Henrique Capriles durante campanha

Diante da instabilidade política na Venezuela, o governo peruano, que ocupa a presidência rotativa da Unasul, convocou uma reunião de emergência para esta quinta-feira para analisar a situação decorrente da eleição presidencial venezuelana, na qual Nicolás Maduro se declarou vencedor por uma estreita margem. A presidente Dilma Rousseff e seus colegas da Argentina, Cristina Kirchner, Uruguai, José Mujica, e Colômbia, Juan Manuel Santos já confirmaram presença no encontro, assim como o anfitrião, Ollanta Humala, segundo um funcionário em Lima.

O presidente equatoriano, Rafael Correa, não confirmou se viajará a Lima ou será representado por seu ministro de Relações Exteriores. Altos funcionários do governo não disseram se a reunião estava sendo realizada como uma demonstração de apoio a Maduro, ou se os líderes regionais querem emitir um chamado coletivo de calma à Venezuela, onde protestos irromperam desde a vitória apertada de Maduro por 1,7 ponto percentual.

A reunião será realizada sob a égide do grupo regional Unasul nesta quinta-feira à noite em Lima, disseram autoridades de alto escalão do governo. Observadores eleitorais da Unasul disseram que a vitória de Maduro foi legítima. A maioria dos líderes, incluindo a presidente Dilma Rousseff, viajará em seguida à Venezuela para a cerimônia de posse de Maduro, em Caracas.

Os governos de Brasil, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Argentina, entre outros, reconheceram a vitória de Maduro, mas os Estados Unidos não. A União Europeia, por sua vez, disse que estava "preocupada com a crescente polarização da sociedade venezuelana".

Recontagem – Enquanto isso, a oposição mantém a pressão para obter a recontagem dos votos da eleição de domingo passado na Venezuela, com a entrega na quarta-feira de um pedido formal ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE). "Explicamos que há necessidade de uma solução política para a crise e esperamos isto o mais cedo possível, já no próximo anúncio do CNE", disse Carlos Ocariz, chefe da campanha de Capriles, destacando que entregou provas das irregularidades na eleição.

Após receber o pedido para a recontagem dos votos, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, declarou à imprensa que se deve "respeitar o direito de protesto e o direito de discordar". No entanto, a presidente do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), Luisa Estela Morales, disse que a contagem manual de votos é impossível, como solicita Capriles, porque o sistema eleitoral é eletrônico.

"Na Venezuela, desde a Constituição de 1999 se eliminou a forma manual dos processos eleitorais. Na Venezuela, o sistema eleitoral é absolutamente sistematizado", afirmou. "Estão enganadas as pessoas que acreditam que este tipo de contagem pode ocorrer", completou.

Capriles, por sua vez, disse que Luisa desconhece a realidade do processo eleitoral. “Como venezuelano, acho preocupante que as pesos que estão à frente das instituições dão declarações do ponto de vista político para estar no jogo do partido no governo”, disse. "O mundo está completamente de acordo com uma auditoria porque isto fortalece a democracia".

Chavistas – Em reunião com 20 governadores chavistas, Maduro disse na quarta que apoiará a decisão do CNE, mas recordou que diante da estreita margem de votos, já se realizou uma auditoria sobre 54% dos votos, como determina a lei, segundo ele. "O que o poder eleitoral decidir em torno do pedido da oposição vamos apoiar total e plenamente porque eles são a autoridade para todo o material eleitoral no país", destacou Maduro.

Maduro obteve 50,8% dos votos, contra 49% para Capriles, e venceu por uma diferença de 265.000 votos. Na noite de domingo, logo após a divulgação dos resultados, Maduro defendeu uma auditoria sobre todas as urnas para "não deixar dúvidas" sobre o resultado, mas depois mudou o discurso e acusou a oposição de golpismo por tentar "vulnerar a maioria democrática" ao ignorar os resultados e pedir a recontagem dos votos. Os dois lados mobilizaram manifestações, que acabaram em oito mortes na segunda-feira, segundo o governo.

Fonte: Veja

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