Empresário largou tudo e vira chapeleiro

Canindé SoaresCanindé Soares

Mudar de vida não é uma decisão fácil. Sair de uma rotina cômoda e se jogar no desconhecido é uma experiência assustadora e trabalhosa. Mas se você pedir um conselho a Durval Sampaio, 31, sem dúvida vai ouvir como resposta a frase que ilustra o carro antigo a bordo do qual ele percorre o Brasil: “Confie em mim. Trabalhe no que você ama!”.

Conhecido como Du E-holic graças à paixão por música eletrônica, Durval era dono de uma empresa de sucata industrial. Hoje, se define como um “chapeleiro feliz e sem CEP”. Oito anos atrás, ele encontrou a coragem necessária para fazer o que mais queria: ter liberdade para criar. Sua inventividade se expressa na confecção itinerante de chapéus. “Quando minha primeira touca customizada, que custou 20 reais, começou a me dar muito mais prazer que meus equipamentos de mais de mil reais, não foi difícil perceber que o coração pedia para largar tudo e tentar o sonho”, explica o chapeleiro.

Apaixonado pelo acessório desde sempre, o rapaz sofria com um problema: era difícil achar uma peça que servisse em sua cabeça. “Sempre amei chapéus, em especial cartolas, tipo de mágico. Porém, sempre tive a cabeça grande. O padrão fabril é 58 ou 59 centímetros, e eu uso 63. Só achava cartolas de feltro, que são de cores lisas e quentes pra caramba”, lamenta.

Como empreendedor, aos 23 anos Durval já tinha uma margem de lucro considerável – suficiente para largar o seu negócio de então e dedicar-se ao que realmente gostava. Não demorou muito para ele juntar a possibilidade financeira à paixão. “Mesmo trabalhando com algo que à época me dava uma boa grana, não era suficiente para o que eu queria: liberdade para poder fazer alguma coisa que me levasse ao mundo, às pessoas em especial”, comenta o chapeleiro.
A história de Durval serve como inspiração para quem quer dar um novo rumo para a própria vida. Para tornar o sonho realidade, é necessário saber equilibrar duas faces da mesma moeda: pensar alto e planejar mais ainda. Apesar de ter seguido seu coração, Du teve um planejamento prévio. “Hipocrisia dizer que, do nada, resolvi ser chapeleiro, com dívidas e afins. Mas uma coisa é verdade: hoje é o chapéu que me sustenta, e já se passaram mais de oito anos”, confessa o artista.

Saber para onde ir e, mais importante, como fazer para chegar lá também são dois itens que precisam de atenção. Quando resolveu começar a fazer chapéus, Durval investiu seu dinheiro em cinco máquinas de costura com funções diferentes. “Minha visão ainda ‘grande’ não me permitia sentir que, na verdade, eu precisava de uma única máquina e humildade para realmente aprender a costurar”, ensina.

Paciência e perseverança também são atributos necessários para ir atrás do que se quer. A mudança no estilo de vida começa do zero. Não é de uma hora para outra que se conquista tudo o que tinha outrora. “Descobri o quão lento ia ser o processo porque não saía nada. Levou mais ou menos três anos para sair o primeiro chapéu inteiramente feito por mim, e ainda assim bem mal feitinho”, relembra Du. “Essa redução de vida não foi assim difícil, porém a ansiedade atrapalhava demais. Foi umas das lições mais especiais que tive na vida: a humildade”, conta.

Quem tem a ambição de mudar de vida, mas sente falta de coragem, pode tentar a “mudança homeopática” . Em vez de cortar os laços de maneira abrupta, uma boa ideia é ir agindo em fases, cada qual marcada por uma pequena mudança, rumo à guinada geral.

Fonte: iG São Paulo

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