Novo estádio do Corinthians
Palco da abertura da Copa do Mundo (em 12 de junho de 2014), o estádio do Corinthians deve receber sua primeira partida antes do dia 20 de janeiro do ano que vem. A revelação foi feita por Ricardo Trade, CEO (diretor-executivo) do Comitê Organizador Local (COL). Vivendo um momento "mais tranquilo" após a Copa das Confederações, segundo ele mesmo diz, Trade recebeu o GLOBOESPORTE.COM e voltou a garantir que 11 das 12 arenas estarão prontas até 31 de dezembro de 2013. A exceção é o campo do Timão, que terá mais alguns dias para colocar os assentos temporários, porém logo depois já terá a bola rolando no gramado.
– A ideia do Andrés (Sanches, ex-presidente do Corinthians e um dos responsáveis pela obra) é ter o primeiro jogo até 20 de janeiro. O que nós queremos é que fique pronto no dia 31 de dezembro – disse o dirigente.
Trade fez questão de falar sobre os aprendizados recebidos com a realização Copa das Confederações e afirmou que, mesmo com imprevistos no Engenhão, a Itália pensa em usar o Rio de Janeiro como concentração em 2014.
– Minha área técnica tampou o prédio vizinho, melhoramos a grama e está tão bacana que a Itália quer voltar para lá. Não para dentro – contou Trade, lembrando que a Azzurra teve que usar o campo anexo do estádio para os treinamentos.
Escolhido por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do COL, para ocupar o cargo mais importante na organização da Copa de 2014, Trade diz que a relação com a Fifa é muito boa, principalmente com o secretário-geral Jérôme Valcke, homem-forte da entidade sobre os rumos do Mundial. Para o CEO, as participações dos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto são fundamentais para essa proximidade com o francês.
Quanto ao momento político conturbado no Brasil, Trade afirmou que, mesmo com tantas manifestações, nunca chegou a temer pela realização dos jogos da Copa das Confederações e que recebeu muita confiança dos órgãos de segurança brasileiros. Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Prazo de entrega dos estádios
Nós temos um grupo de 25 engenheiros contratados. O que os técnicos nos passam é de que todos estarão prontos no prazo que queremos (dezembro). O que o Jérôme (Valcke, secretário-geral da Fifa) falou de São Paulo é importante. Primeiro o estádio do Corinthians tem uma particularidade. Tem assentos temporários, como Natal e Salvador. São Paulo tem um arco no fundo de 170 metros e você não consegue montar as duas arquibancadas temporárias embaixo enquanto esse arco não estiver pronto. Então ficou combinado para instalar as arquibancadas no inicio de janeiro. A ideia do Andres (Sanchez, ex-presidente do Corinthians) é ter o primeiro jogo até 20 de janeiro. O que nós queremos é que fique pronto dia 31 de dezembro e o primeiro jogo também em janeiro. Acho que Natal tem o operador, que é a OAS. O cara quer que esteja pronto para começar a ganhar dinheiro em janeiro. O problema que o Jérôme colocou foi em relação ao teto retrátil em Curitiba. O teto não fazia parte do projeto e o presidente achou interessante fazer. Nós fomos e pedimos para que ficasse para depois. Eles aceitaram.
Momento político do Brasil (eleições em 2014)
Tenho um objetivo e vou atrás: entregar a Copa do Mundo. Por exemplo, se sair o pessoal do Régis (Régis Fischer, secretário da Casa Civil do Rio), pode me causar um problema. Se as equipes (de outros Estados) ficarem, me traz uma tranquilidade maior que podemos entregar.
Manifestações populares
Nós tivemos o suporte do governo federal. Isso se rebatia pelas imagens da televisão, mas nós estávamos diariamente fazendo reuniões. É claro que existe uma preocupação. Se uma equipe, ou árbitro, não chegasse no estádio em um horário marcado, haveria uma preocupação maior, mas não houve. A tranquilidade é ouvir do governo que vai deixar o jogo acontecer.
Críticas de Blatter e Valcke
Não sei se o Blatter falou ou não (de que poderia ter sido um erro escolher o Brasil). Quanto ao Jérôme, tenho certeza que ele não pensa assim. Estou com ele sempre. Viajo no avião dele e vamos discutindo o dia a dia. O entusiasmo dele é gritante. Depois que viu o resultado da Copa das Confederações, ele ficou entusiasmado. Outra coisa que ele gostou foi o uso dos estádios pós-Copa.
Relação com Jérôme Valcke
A relação é muito profissional. Sempre digo para ele que não sou eu. O respeito que as pessoas me dão é porque tenho uma equipe. Acho que tem um ponto bacana: Ronaldo e Bebeto ajudam muito. Ela (Fifa) sabe o que está acontecendo aqui. É legal ter as pessoas aqui (existe um escritório da Fifa dentro do COL), sabem o que a gente está fazendo. Por exemplo, na discussão de orçamento, nós os chamamos para participar.
Escolha pelos campos de treinamento para 2014
Só duas pessoas sabem disso. Nessa questão, já existem equipes que escolheram, mas eu procurei não saber. Para nós, o que importa é a confiança das equipes, que não querem isso divulgado. Sei que várias escolhas vão surpreender.
Problemas com seleções na Copa das Confederações
Gerou um ruído com a Itália, sim. Tentamos até o final que liberassem o campo interno do Engenhão, mas a prefeitura não liberou. Imagina se caísse (a cobertura) com os caras treinando lá? O Botafogo desde o início foi muito correto. Quando pedi o campo externo para o presidente Maurício Assunção, ele aceitou. Minha área técnica tampou o prédio vizinho, melhoramos a grama e está tão bacana que a Itália quer voltar para lá. Não para dentro. Deu sinal para isso. No caso da Espanha, Recife tinha uma dificuldade dos campos, pois eram distantes. O acesso também não era bom. Sabíamos que ia chover, o trânsito foi terrível, o campo não deu e a drenagem foi insuficiente. Agora o prefeito já está trabalhando nisso. Nós demos show nos transportes.
Fila nas lanchonetes dos estádios
Uma das coisas que eles estão vendo é ter mais vendedores ambulantes. Em uma lanchonete para o jogo você precisa ter apenas quatro opções de comida. Caso contrário, a pessoa vai demorar mais para escolher. A entrega tardia dos estádios também prejudicou isso. Como você pode testar as lanchonetes?
Concessão do Maracanã
Eu tenho uma relação muito próxima com o Rio e estimo muito com o que o Consórcio está fazendo, que é de continuar. Para nós vai influir na questão de estacionamento, principalmente o Célio de Barros. Porém, não altera nossa operação. O Museu do Índio acaba atrapalhando um pouco o fluxo, mas não é um problema. Como profissional da área, entendo que o fim do Estado não é tomar conta de estádios. Como cidadão, tenho muito orgulho se isso (concessão) permanecer. O Borba (João Borba, presidente da Concessionária Maracanã S.A) me disse que deseja ficar.
Briga no estádio de Brasília durante o Brasileirão
Na verdade, isso existe em vários lugares do mundo. Falando como cidadão, como isso pode ocorrer? A gente fica chateado. Quando vi dois caras que participaram de Oruro (corintianos envolvidos na morte de um menino na Bolívia)… A cena que mais me marcou foi a imagem do pai protegendo o filho. Um dia meu filho colocou a camisa do time para ir ao jogo e falei: “Filho, não mete a camisa. Você vai me deixar sem dormir”. Eu não quero isso. Quero ir com minha família tranquilo ao estádio.
Situação de Bebeto no COL
Na quinta-feira antes da final da Copa das Confederações, ele me ligou. Já estava permeando essa relação. Essa questão de ser deputado e estar com a gente pode conflitar? Às vezes, conflita a agenda. Ele disse que não sabia se queria continuar, pois estava conflitando. Nós falamos para que ele esperasse acabar a Copa das Confederações. Foi ao jogo domingo e disse que ficaria. Bebeto é um cara coração ao extremo. Gosta dessa encrenca, mas é um deputado estadual.
Adaptação do orçamento do COL
Acabou a Copa das Confederações, houve uma reunião com setores da Fifa e depois com as seis sedes. Faz parte do planejamento. Sentamos com cada área funcional. Por exemplo, a área de TI (técnologia de informação). Eles não podem ter um cara só em cada estádio nos dois meses antes do evento. Então, eu tive que rever. O que pôde ser feito dentro das áreas foi feito. A área médica também. Os médicos precisam de um assistente. Alimentação dos voluntários foi um sucesso.
