Moradores de rua invadem cemitério no RS e usam jazigos como casa

Ivani Schutz/RBS TVCemitério na Região Metropolitana de Porto Alegre é usado como moradia

Cemitério na Região Metropolitana de Porto Alegre é usado como moradia

Sem teto para viver, um grupo de moradores de rua invadiu um cemitério em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, às margens da ERS-118. Para escapar do frio do inverno gaúcho, homens e mulheres fizeram dos jazigos e túmulos uma casa improvisada, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV (vejo o vídeo).

Familiares de pessoas enterradas no Cemitério João XXIII estão indignados. Após a denúncia, a prefeitura do município promete que as rondas serão intensificadas no local. Com a ocupação dos túmulos, o local se tornou também alvo de vandalismo.

Maria de Lourdes Freitas, de 43 anos, mora há quatro meses com o companheiro dentro de uma sepultura que transformou em casa. Sem ter para onde ir, conta que o local foi a única opção para o casal ter um teto.

“Vim no inverno para cá. Fui eu que quis, eu que provoquei a situação. Não quero incomodar meus filhos porque eles têm casa, estão bem. Eu perdi minhas coisas”, explicou Maria de Lourdes sobre a opção de morar nas ruas.
Outro homem que não quis se identificar montou sua cama em cima de um jazigo. Os túmulos servem até mesmo como varal para pendurar roupas molhadas. Luiz Alberto Bastião, que trabalha como coveiro no cemitério, afirma que os moradores de rua reagiram às tentativas de retirada do local. “Eles voltam, quebram, invadem. Há sempre revolta”, afirma Bastião.

Com o uso inadequado do local, túmulos acabaram sendo quebrados. Em alguns casos, os azulejos, o mármore e o cobre foram arrancados. Em alguns casos, os túmulos são pichados e quebrados, deixando os ossos humanos à vista em meio à sujeira.

A situação gera revolta entre os que têm parentes enterrados no cemitério. O professor Eduardo Rocha visita o túmulo do pai com frequência e denunciou a situação. Ele afirma que outros familiares só vão ao local em grupos por temor assaltos ou agressões.

“Não é aceitável que uma pessoa vá morar dentro de uma sepultura, aonde descansam os nossos mortos, e que ali se tenha uma vida que poderia estar produzindo para o nosso país, colaborando com a nossa realidade social, enfrentando dificuldades e mudando a sua própria realidade social”, finalizou o professor.

O prefeito de Sapucaia do Sul, Vilmar Vallin, afirma que após receber as denúncias, as rondas no cemitério serão intensificadas. O prefeito sugere que o grupo seja incluído em programas de habitação, como o aluguel social e o Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

“Não vamos pré-julgar essas pessoas, mas nós achamos que elas têm um grau de dificuldade de conviver em um processo de vizinhança, de sair do processo de drogadição para que sejam incluídos na sociedade”, afirma Vallin.

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