Escolha de repertório, ensaio, visita orientada às escolas, apresentação. Esse é o ritmo de atividades do concerto didático, um projeto de extensão da Orquestra da Ufal realizado em escolas públicas e privadas de Alagoas. Dia 17, às 15h, os alunos da escola Silvestre Péricles, no Pontal da Barra, terão a oportunidade de vivenciar uma apresentação musical que combina a diversão com o conhecimento, na segunda temporada do projeto.
No concerto, crianças e adultos irão acompanhar o funcionamento da orquestra, conhecendo as diferenças de sonoridade e as famílias musicais. Sob a regência de Alípio Martins, os músicos executam composições clássicas do gênero erudito e temas de filmes e desenhos animados, a partir de uma seleção musical que tem como propósito educar o gosto da plateia. A ideia é proporcionar a esse público, muitas vezes iniciante, o direito à escuta musical.
Durante duas semanas, os músicos ensaiam na sala da orquestra, que funciona no Espaço Cultural Salomão de Barros Lima. A escolha do repertório segue, principalmente, a vertente erudita que é a linha de atuação desse equipamento cultural. Pretende-se com isso, fornecer mecanismos para a crítica musical e possibilitar audições de fontes musicais que estejam fora da massificação sonora explorada pela mídia. Paralela aos ensaios, é realizada uma visita técnica a escola a ser visitada para a escolha de um lugar adequado para acomodar a orquestra.
Depois de todas as preparações necessárias ao andamento dos concertos, chega a vez do espetáculo. Com a batuta nas mãos, o regente conduz as atividades do concerto que dura em torno de uma hora. De forma lúdica, ele lança ao público explicações e perguntas sobre os instrumentos, aborda conceitos acerca de ritmo, harmonia e gênero musical. E no palco, mais de vinte músicos executam as composições num clima bem descontraído.
O primeiro concerto da segunda temporada
A segunda temporada do Concerto didático foi aberta no CAIC Jorge de Lima, localizado na Ufal. Durante a apresentação, um público de 150 pessoas, formado por alunos, pais e professores, participou ativamente do evento, respondendo as provocações do regente Alípio Martins.
Antes da execução dos músicos, a professora Ana Cláudia Leite, coordenadora de Arte e Cultura da Semed, passou algumas orientações sobre a fruição artística. Todos ficaram compenetrados, aguardando o início dos trabalhos.
“As crianças precisam escutar para tomarem gosto pela música e aprenderem o tempo de cada apresentação, para quando estiverem num teatro, numa praça, elas saibam quando é preciso aplaudir e ficar em silêncio.” Afirma Ana Cláudia.
Moradoras de bairros vizinhos da universidade, as alunas Lady Thallycia, 8, e Karliany Deborah, 9, ficaram empolgadas durante a apresentação e acompanharam com atenção todas as etapas do concerto. “Tô achando ótimo, nunca tinha visto antes”, comentou Thallycia, enquanto Deborah, ao seu lado, dizia que tinha gostado mais da flauta, porque já havia tocado um dia.
No meio da apresentação, o regente convida crianças da plateia para segurar a batuta e comandar a orquestra. Nayana Caetano dos Santos, 10, aceitou o desafio e subiu no palco com muita ansiedade. “Senti um frio na barriga, mas gostei de reger. Senti vontade de tocar um instrumento”, afirmou após a sua participação.
Os concertos didáticos, promovidos pela orquestra da Ufal, pretendem utilizar a educação musical como instrumento de formação de novas plateias. Para este ano, estão previstas oito apresentações em escolas públicas de Maceió.
A orquestra vista de perto
A Orquestra de Câmara da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) foi fundada em 1981 a partir da iniciativa dos músicos Romeu Macedo, Danilo Gama e Julião Marques. Entre os anos de 1981 e 1985, o grupo era formado de instrumentistas diversos, somente a partir de 1986 o número de componentes foi aumentado permitindo a definição de naipes.
Na fase inicial, era um grupo de câmara formado por professores do Curso de Música da Ufal, servidores e membros externos da universidade. Com o passar do tempo, o grupo se transformou em orquestra de câmara e, atualmente, está em fase de transição para uma formação sinfônica.
A Orquestra sempre teve suas atividades atreladas aos Cursos de Música – Licenciatura e Bacharelado em Canto da Ufal, tendo em vista a necessidade de promoção da vida acadêmico-musical dos alunos. Fora da universidade, participou na década de 90, de turnês por diversas cidades nordestinas, destacando-se a apresentação da Pró-Arte de Teresópolis, no Rio de Janeiro.
Dentro do calendário de apresentações, constam eventos importantes como o tradicional Concerto de Natal e o Concerto de Páscoa, com a participação do coro da Ufal (Corufal) e vários cantores solistas em um grande concerto público.
À frente da orquestra, estiveram os regentes Julião Marques, Socorro Queiroz, Osvaldo Lupi, Almir Medeiros, Nicollas Grosse, Flávia Vieira. Atualmente, o músico Nilton Souza atua na regência dos 45 músicos da orquestra. Durante as turnês, foi regida por nomes memoráveis da música brasileira, como Camargo Guarnieri.
