Carnaval: folia movimenta até R$ 1 bilhão na Bahia

Jorge Reis / Agência A TARDEJorge Reis / Agência A TARDE

Felipe Amorim, do A TARDE

Quando chegar a Quarta-Feira de Cinzas, cerca de R$ 1 bilhão vai ter circulado na economia da cidade. A cifra representa empregos temporários, ocupação em hotéis, gasto de turistas e boa parte da economia informal. Mas, na cidade de Momo, quem de fato lucra com a folia?

“A gente vê que o Carnaval é uma atividade econômica privada e quem ganha com isso são os entes privados”, aponta o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Osmar Sepúlveda. “Agora, é uma obrigação do Estado criar as condições para que isso se efetive, porque quem é beneficiado não são apenas as empresas, mas também as pessoas que participam”, diz o professor.

E não é pouco o investimento do governo do Estado para fornecer a estrutura para a festa: cerca de R$ 50 milhões. Só em segurança pública foram R$ 23 milhões em 2010 e outros R$ 12 milhões no patrocínio dos blocos afro e contratação de trios independentes. A prefeitura entra com outros R$ 30 milhões, em serviços como iluminação pública, limpeza das ruas, sanitários químicos e fiscalização.

Benefícios – Para o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Claudio Tinoco, o dinheiro público está sendo bem empregado. “Uma movimentação econômica de R$ 1 bilhão está estimulando toda a cadeia produtiva do turismo, e até mesmo a base da população, que tem no comércio uma geração de renda”, explica Tinoco.

É da Saltur a estimativa de que o Carnaval injete R$ 1 bilhão na economia local, boa parte desse valor gasto pelos mais de 490 mil turistas esperados para a festa. Mas para chegar a esse montante, além dos seis dias de Carnaval, entra na conta também cerca de 70 eventos pré-carnavalescos que acontecem nos meses de janeiro e fevereiro e que estão atrelados cultural e economicamente à festa. Como os ensaios dos blocos, por exemplo. “O Carnaval se mostra sustentável e até superavitário”, estima Tinoco.

Isso porque 65% desse valor circulam na economia formal, que paga impostos. A arrecadação direta é estimada em R$ 15 milhões de ISS, para a prefeitura, e pouco mais de
R$ 50 milhões em ICMS, para o Estado. Outros R$ 15 milhões são captados pela prefeitura por meio das cotas oficiais de patrocínio da festa.

Mídia – Além do fôlego à economia, que gera 200 mil empregos temporários, outro legado é a exposição que a cidade ganha. Segundo a Saltur, no ano passado foram 255 horas de transmissão televisiva, além do espaço em outras mídias, como uma matéria de página inteira no The New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo. Tudo somado, a divulgação espontânea do Carnaval valeria cerca de R$ 60 milhões em espaço publicitário. “A Bahia se consolidou internacionalmente em cima da cultura, que é o carro forte da nossa promoção. No Carnaval, ampliamos essa capacidade que a gente tem pra se projetar”, avalia.

Apesar de não questionar a importância da festa, Osmar Sepúlveda avalia que a prefeitura deveria buscar parcerias para que o setor privado bancasse parte dos custos. “Os camarotes, por exemplo, geram uma grande quantidade de lixo, mas quem assume a destinação final desse lixo é a prefeitura”, diz Sepúlveda. O professor não vê problema que o novo custo fosse repassado aos foliões com o aumento no valor das camisas. “Posso aumentar o preço que a procura não diminui. O folião vai pro camarote por opção”, explica.

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos