Resgatar a memória de um povo para que ela não se perca entre as ruínas da cidade, destruída pela enchente de junho de 2010. Este é um dos objetivos que levaram estudantes de Comunicação Social a construírem o documentário ‘Águas Claras’, a ser exibido neste sábado (19), para os moradores de Branquinha.
Em 15 minutos, os estudantes, coordenados pelo Professor Mestre Cláudio Jorge Morais, retrataram em imagens e depoimentos o sentimento e um pouco da história do povo de Branquinha, uma das 21 cidades alagoanas atingidas pela enchente.
Branquinha foi um dos municípios mais atingidos pela catástrofe, pela proximidade com o Rio Mundaú. Após o acidente, a cidade deve ser reconstruída, longe do rio, que transbordou deixando mais de 47 mil desabrigados no Estado, segundo dados da Defesa Civil Alagoana.
O documentário já deu origem a um projeto de pesquisa, que envolve cerca de 20 alunos dos cursos de Comunicação Social e Psicologia, visando, por meio do cinema, potencializar a memória dos sujeitos envolvidos e identificar os sintomas, por vezes, traumáticos e contraditórios da devastação.
De acordo com Cláudio Jorge Morais, o filme é uma forma de manter viva a história de um povo que pode ter suas vidas materiais reconstruídas, mas que também precisam cultivar suas lembranças.
“O impacto de transformações a serem vivenciadas pela comunidade de Branquinha vai acontecer por meio do cinema, no que diz respeito às questões do cotidiano da comunidade e, assim, poderemos confrontar o discurso instituído e a realidade vivida pela comunidade em questão. No contexto dessa ‘lógica’ de mediação entre cinema e memória, a imagem pode despertar a atenção da comunidade, sinalizar as mudanças de comportamento, informando sobre a identidade e o contexto social”, destacou Cláudio Jorge.
Segundo ele, a exibição do documentário na cidade é a primeira ação de sensibilização do projeto, junto aos moradores. “Outros filmes serão exibidos e outras atividades desenvolvidas. O que queremos é reconstruir memórias de Branquinha, de ontem e hoje, privilegiando sua realidade histórica e cotidiana, debatendo e possibilitando uma nova sociabilidade na comunidade”, complementou o professor.
O documentário será exibido no antigo Centro de Branquinha, a partir das 18h. Na programação estão apresentações culturais. Mais informações pelo 82 9186-0072.
