Médica alerta para necessidade de aferir a pressão

Ascom/HGEEliane Bugarin - cardiologista do HGE

Eliane Bugarin – cardiologista do HGE

Predisposição genética é a principal causa da hipertensão, doença que é resultado de um esforço extra do coração para distribuir sangue por vasos que desenvolveram aumento de resistência a passagem de líquido. As artérias dificultam a passagem do sangue e o coração precisa bombear com mais força.

Para Eliane Bugarin, cardiologista do Hospital Geral do Estado (HGE), o controle da hipertensão se faz necessário devido aos danos causados aos órgãos do indivíduo. “A doença predispõe o surgimento de insuficiência cardíaca, infarto, acidente vascular encefálico, retinopatia e insuficiência renal. Sem falar que a expectativa de vida de uma pessoa com hipertensão é 40% menor que a de um indivíduo sadio, ao longo dos anos”, alertou.

De acordo com a cardiologista a retina é o único lugar onde o médico pode visualizar diretamente os efeitos da pressão. “O médico pode determinar o grau dos danos na retina (retinopatia) e classificar a severidade da pressão alta nas arteríolas, similares às mudanças nos vasos sanguíneos em outros órgãos”.

Devido ao esforço adicional necessário para bombear o sangue, também é possível observar o aumento do coração e através do exame de urina podem ser detectados danos nos rins do paciente. “Um som anormal pode ser ouvido no coração com um estetoscópio, uma das primeiras modificações causadas pela pressão alta. A presença de células sanguíneas e albumina (um tipo de proteína) na urina, por exemplo, pode indicar danos nos rins”, explicou.

Segundo a médica, a hipertensão arterial, mais conhecida como pressão alta, na grande maioria das vezes, não provoca sintomas ou os sintomas são gerais (podem ocorrer em qualquer doença), como dores de cabeça, tonturas, sangramento no nariz, cansaço e mal estar. Aproximadamente, 95% dos pacientes que sofrem de hipertensão arterial não possuem nenhum sintoma.

“Esses pacientes não sentem absolutamente nada no que diz respeito à hipertensão. Procuram o médico por outros motivos. E assim, terminam diagnosticando o problema quando medem a pressão arterial”, garantiu.

Ela alerta para sintomas como palpitação, dor no peito, falta de ar, inchaço, alterações visuais, perda de memória e de equilíbrio, palidez, problemas urinários e dores nas pernas. “Nestes casos, convém procurar um médico imediatamente, pois os sinais demonstram que os órgãos-alvo da doença podem estar comprometidos”, orientou.

Dos pacientes com pressão alta, 5 a 10% desenvolvem a doença em decorrência de problemas nos rins, 1 a 2% devido a problemas hormonais ou ao uso de alguns medicamentos como os anticoncepcionais, por exemplo. “Uma causa rara é o feocromocitoma, um tumor na glândula suprarrenal que produz os hormônios adrenalina e noradrenalina. Obesidade, vida sedentária, estresse e ingestão excessiva de álcool ou sal na alimentação podem ter um papel importante em pessoas predispostas. O estresse tende a fazer com que a pressão aumente temporariamente, mas costuma retornar ao valor normal assim que cessam os fatores de tensão”, esclareceu.

A medição da pressão arterial nos consultórios está em nível considerado normal quando está abaixo ou igual a 12 por 8. “Começamos a ter critérios de pressão alta acima de 12,5 por 8,5 ou 13 por 8,5. No entanto, o diagnóstico deve ser feito levando em consideração o histórico do paciente, os resultados do exame físico e o valor pressórico aferido. Uma leitura de 140/90 mm Hg ou mais é considerada alta, mas o diagnóstico não pode ser baseado em apenas um registro. A medição deve ser feita novamente ao menos em outros dois dias diferentes, para ter certeza que a pressão alta persiste”, explicou a médica.

Segundo ela, a detecção de valores eventualmente elevados pode ser decorrente de tensão emocional, como acontece na ‘hipertensão do avental branco’, fato que pode ocorrer reiteradamente em consultórios.

“Medir a pressão arterial fora do consultório médico pode ser um recurso valioso. O paciente pode avaliar a pressão arterial no próprio domicílio, com aparelho e pessoa aptos para tanto. Os valores considerados normais são inferiores aos padronizados para os consultórios. No período diurno, não devem ser superiores a 135 x 85 mm Hg e à noite, não devem ultrapassar 120 x 75 mm Hg”, disse.

A atividade física é o elemento fundamental no combate a doença, conforme a cardiologista. “A prática de 30 a 45 minutos diários de exercícios aeróbicos, como caminhar, correr, nadar e andar de bicicleta deixa o coração mais forte e saudável e ajuda na redução do peso corpóreo e no controle das dislipidemias (alteração do nível de colesterol e triglicérides). Indivíduos sedentários têm probabilidades de apresentarem hipertensão arterial elevadas de 20 a 50%”, destacou a cardiologista.

Para ela, a melhor maneira de prevenir a hipertensão é através de modificações do estilo de vida, “redução da massa corpórea, redução na ingestão de álcool que deve ser no máximo 30 ml de etanol ao dia, o correspondente a 720 ml de cerveja, ou 300 ml de vinho, ou 60 ml de bebidas destiladas. A ingestão de sódio, o sal, também deve ser moderada”, afirmou.

A médica orienta a procurar um clínico desde a infância para observar como estar o organismo. E após esse primeiro contato, a recomendação é que faça uma visita ao cardiologista pelo menos uma vez por ano.

“Quem sofre com pressão alta, mas a tem o controle, deve fazer exames de medição uma vez por mês, para acompanhar a situação. Existem aparelhos portáteis, que podem ser usados em casa. Quem não tem a pressão controlada deve, uma vez por semana, fazer uma avaliação. O mais importante é começar a controlar e, a partir daí, fazer a manutenção”, concluiu.

Fonte: Ascom/HGE

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