Juiz decretou fechamento de bares e restaurantes após as 22h
A quantidade de assassinatos entre menores e o avanço do tráfico de drogas entre adolescentes fez o juiz Yulli Rotter Maia, de Matriz de Camaragibe, baixar uma portaria na cidade determinando o fechamento de bares, restaurantes e lanchonetes a partir das dez da noite- e a proibição de circulação de motos de 50 cilindradas por motoristas sem habilitação.
A medida vem uma semana depois de um tiroteio entre uma gangue de menores na cidade, na Praça Bom Jesus- a principal de Matriz, centro histórico da cidade. Duas pessoas ficaram feridas. Onze foram presas.
Após a ação, traficantes ameaçaram invadir escolas e a delegacia- se o Poder Público negasse a libertação dos criminosos. O magistrado determinou o reforço do policiamento pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope).
"Temos um menor detido, tem 12 anos. Apesar da idade, perguntei a ele quantos furtos ele cometeu. Disse que perdeu as contas", disse o magistrado.
O juiz disse que a Secretaria Municipal de Assistência Social não tem estudo sobre a quantidade de pessoas envolvidas com drogas em Matriz. Mas, sabe que os menores são o público-alvo- e mais fácil.
"Temos um contexto em que as famílias têm de ter mais participação na cidade. Por isso, estou indo às escolas, conversando com os alunos e pedindo que não se envolvam com drogas", disse o magistrado.
Matriz de Camaragibe tem 25 mil habitantes e três a quatro policiais por plantão, circulando pelo município. O número é considerado, pelo juiz, insuficiente. "Perguntei ao comando da PM. Não há condições de se oferecer reforço. Os policiais desta cidade são heróis", disse.
A delegacia da cidade tem 50 presos. Cabem 25. As condições da delegacia inspiram cuidados.
Em outubro, Matriz registrou um duplo homicídio na chamada "Rua do Loureiro". Doze pessoas foram presas. Semanas depois, foi registrado o tiroteio na praça. Onze foram presos.
A Polícia Civil considera Matriz rota do tráfico e da prostituição infantil- correndo na direção de São José da Coroa Grande, em Pernambuco.
Em setembro de 2009, o então juiz de Matriz, Ygor Figueiredo, baixou uma portaria decretando "toque de recolher" na cidade- por causa das drogas e da exploração sexual envolvendo menores. A medida fracassou.
