Bebê morre e mulher é ferida por bala perdida

Duas pessoas foram vítimas de balas perdidas em Fortaleza, no curto espaço de oito horas. Uma delas, o bebê Gustavo de Oliveira Vasconcelos, de oito meses, estava nos braços do pai, Francisco Gleyson Vasconcelos, 20, quando foi baleado. O disparo, conforme apurou a Polícia, partiu de uma troca de tiros entre as gangues Coqueiro e da Quadra, no bairro Colônia. Levado para o hospital, o bebê morreu horas depois. O tiro também atingiu de raspão o pescoço de Francisco Gleyson. No outro caso, a carioca Ivânia de Oliveira, 38, que mora há 19 anos em Fortaleza, foi baleada no estacionamento do Aeroporto Internacional Pinto Martins. Ela foi atingida na coxa. Ivânia foi levada para o IJF-Centro e liberada horas depois. A Infraero não soube informar de onde o disparo surgiu.

O primeiro caso aconteceu por volta das 21h30min de quinta-feira, na Colônia. Pai e filho haviam saído de casa para passear. Na volta, já bem perto de casa acontecia o tiroteio entre integrantes das duas gangues. Francisco Gleyson ainda tentou proteger o filho com os braços, mas o bebê foi baleado na cabeça. Testemunhas informaram que mesmo com a criança baleada, os integrantes das gangues ainda fizeram vários disparos. Gustavo foi levado para o Frotinha do Antônio Bezerra, mas por causa da gravidade do ferimento foi transferido para o IJF.

O escrivão Werbster Gonçalves, do 33º DP (Goiabeiras), disse que três adolescentes da gangue da Quadra tinham ido até as proximidades da casa de Francisco Gleyson para matar um rapaz inimigo. Foi quando ocorreu a troca de tiros. A rivalidade entre os dois grupos, conforme Gonçalves, aumentou depois que um integrante do Coqueiro foi morto. “O crime aconteceu no fim do ano passado. De lá para cá, os conflitos não tiveram mais fim”, diz o escrivão.

Na tarde de ontem, o corpo do bebê foi velado pelos moradores do bairro numa igreja evangélica na rua Grito de Alerta. O sepultamento está previsto para as 9 horas de hoje, no cemitério do Bom Jardim. Os pais da criança estavam sedados por recomendação médica.

O avô materno, Aurílio Pereira, relatou que os conflitos de gangues são comuns no bairro. “Não tem dia e nem hora para as brigas. Basta alguém de lá (Quadra) vir até aqui ou daqui (Coqueiro) passar por lá. Infelizmente meu neto não teve a oportunidade de conhecer o mundo”, afirmou.

Moradores das ruas Frota Cavalcante e Grito de Alerta onde acontecem os confrontos mostraram ao O POVO marcas de balas nas paredes das residências deixadas pelo conflito na noite anterior. Segundo a dona de casa Rita Bezerra Teixeira, 57, ela já teve dois filhos atingido por balas perdidas nos últimos dois anos, mas por sorte, os dois sobreviveram. “Não podemos ficar mais nas calçadas ao cair da tarde. A violência é muito grande. As gangues não respeitam ninguém e atiram a esmo”, comentou Rita Bezerra.

O delegado Jurandir Braga, do 33º DP, abriu inquérito policial para apurar o caso. O delegado admite já ter identificado os responsáveis pelos tiros que mataram o bebê, mas os nomes foram preservados para não atrapalhar as investigações. Na tarde de ontem, nossa equipe de reportagem presenciou várias viaturas da PM pelas ruas do bairro. “Eles só aparecem aqui depois que acontece uma morte”, lamentou Luiz Carlos Malveira, morador do bairro.

De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa da Infraero, 109 vigilantes fazem a segurança do estacionamento, do terminal de carga e saguão. Além de vigilantes a pé, tem os que utilizam bicicleta. Uma viatura da empresa de segurança também faz a ronda na área. Segundo a assessoria, após o problema com a passageira, atingida pela bala perdida, a equipe de segurança percorreu toda a área, mas não identificou nada de anormal pela vizinhança. Uma viatura da PMTUR também circula pela aeroporto. “Vamos reforçar a segurança patrimonial e solicitar mais segurança militar.”

Em 2008 foram registrados vários casos de furtos e roubos no estacionamento do Aeroporto Internacional Pinto Martins. O problema foi publicado em matérias do O POVO. As informações repassadas pela Infraero são de que a administração do estacionamento passou a ser de responsabilidade da Infraero e de que os casos diminuíram, sem nenhum registro de furtos e roubos no estacionamento neste ano.

Os seguranças do estacionamento que trabalhavam no turno da manhã ressaltaram que o local é sempre muito tranqüilo. Eles não estavam na hora que a passageira Ivânia de Oliveira foi atingida pela bala perdida, pois foi no horário da outra turma.

O POVO/CE

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