Delegado diz que governo de Vilela está ameaçado pela cúpula de Defesa Social

Enquanto a cúpula da Polícia Civil de Alagoas se encontra na cidade de Campo Alegre, onde participa da reinauguração da delegacia local, que recebe o nome do policial do Tigre Anderson Lima, morto durante um assalto à agência da Caixa Econômica, o delegado Jobson Cabral, titular do 13º Distrito Policial, localizado em Paripueira, concedeu uma entrevista polêmica ao Programa Cidadania, da Rádio Jornal.

Cabral avaliou positivamente o governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB), mas disse que a violência ascendente, decorrente das medidas ineficientes adotadas pela atual cúpula, pode comprometer seu governo. Segundo Jobson Cabral, a atual cúpula “brinca de fazer segurança pública.”

O delegado, que foi transferido de Satuba para Paripueira e que teve o salário descontado por ter se recusado a fazer um curso de Direitos Humanos determinado pela direção-geral da Polícia Civil, fez duras críticas ao delegado Marcílio Barenco, a quem chamou de inexperiente e sectário, uma vez que teria ignorado a experiência de antigos delegados e privilegiado apenas os mais novos. Sobrou críticas até para o atual presidente da Associação de Delegados de Polícia de Alagoas (Adepol), Antonio Carlos Lessa, que segundo Jobson só pensa em fazer shows.

Jobson Cabral fez uma análise da criminalidade no Estado e afirmou que 90% dos crimes de homicídio são provenientes da droga e por isso defendeu a criação de um grupo de elite de combate ao narcotráfico, cuja atuação reduziria drasticamente as atuais estatísticas.

O delegado – que está de férias – disse ainda que um dos principais entraves para o efetivo combate à criminalidade é “a vaidade entre os integrantes do serviço de informações das Polícias Civil, Militar e da Defesa Social”, que trabalhariam de forma independente e não integrada.

Cabral se mostrou indignado, ainda, com as declarações do secretário de Defesa Social, Paulo Rubim, em entrevista na noite de ontem ao jornalista Plínio Lins, quando Rubim afirmou que no crime político o braço armado normalmente é policial. Segundo Cabral, o delegado federal aposentado “foi infeliz”. Jobson Cabral ainda apresentou um relatório do Conselho Estadual de Segurança que dá conta que 50 policiais militares estariam lotados no gabinete do secretário. O número de PMs à disposição do secretário também foi considerado exorbitante pelo delegado.

O delegado alagoano ainda apresentou números do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) para contestar informações fornecidas por Rubim, ontem, durante a entrevista. Segundo o secretário, houve – sim – redução nos índices de criminalidade do estado durante sua gestão. Jobson, no entanto, alega que os números são crescentes, com cerca de 2 mil homicídios, 7 mil roubos e 8 mil furtos em 2009. O delegado ainda questionou o investimento de mais de R$ 400 milhões que teriam sido disponibilizados pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) para Alagoas.

Jobson encerrou a entrevista afirmando que sempre foi um delegado operacional, mas que estaria desmotivado e aguardando uma mudança na cúpula.

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