Misa recebe exposição fotográfica do Cesmac

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Entra em cartaz hoje no Museu da Imagem e do Som (Misa) a exposição fotográfica do FotoFejal – um concurso de fotografias promovido a cada dois anos pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac). A mostra traz os trabalhos dos finalistas da competição artística, cujo tema foi “Bairros de Maceió: Paisagens Culturais”, e ainda uma antologia da obra do fotógrafo alagoano Japson Almeida. A abertura do evento está programada para as 20h, mas o público poderá conferir a exibição durante as próximas duas semanas.

O período de inscrições do concurso fotográfico começou no mês de junho e foi encerrado em julho. Ao longo de um mês, pouco mais de 50 pessoas participaram enviando suas fotografias. Houve duas categorias competitivas, uma que reuniu a produção dos estudantes do Cesmac e outra aberta para a comunidade em geral. Entre os alunos da instituição, a vencedora foi Martha Lúcia Oliveira, que cursa Direito na instituição com a foto intitulada “Urbana Lenda”. A vencedora da comunidade em geral foi Larissa Brasil Costa, com duas fotos sobre o título “Mistério, Sedução e Surpresa”.

A comissão julgadora, formada pelos fotógrafos Celso Brandão e Ricardo Ledo, também curador do FotoFejal, também destacaram, em menção honrosa, às fotografias do estudante Rodrigo da Silva Motta, intitulada “Luz Solitária”, e de Sionelly Leite Lucena, representante da comunidade, com a foto denominada “Se eu pudesse…”.

Homenagem – A cada edição, o FotoFejal faz homenagem a um célebre fotógrafo alagoano. Este ano, o artista destacado pelo Cesmac é capelense Japson de Macedo Almeida. Nascido em 1922, sua inserção no universo da fotografia se deu por acaso, depois de se tornar vencedor em um concurso fotográfico.

Antes disso, Japson Almeida sonhava estudar engenharia mecânica em Portugal, mas acabou seguindo carreira no serviço público. Aos 30 anos, com uma câmera fotográfica emprestada, ele registrou a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que estava de passagem por Maceió e, com uma “ajuda divina”, como gostava de relembrar, inscreveu a fotografia em um concurso e acabou conquistando o primeiro lugar. Esse golpe do destino foi o incentivo que faltava para que Almeida deixasse vir à tona o artista que mantinha adormecido dentre dele.

“Ele tinha um olhar romântico sobre a Maceió dos anos 50 e 60. Mesmo não sendo um homem de posses, Japson era bem aceito nas altas rodas da sociedade alagoana, sendo um freqüentador assíduo de festas realizadas no Clube Fênix Alagoana – o que rendeu belos registros dos costumes da época”, afirma Ricardo Ledo, responsável pelo recente levantamento sobre a obra e a vida do artista. Segundo ele, Japson o bom trânsito que Japson Almeida tinha entre as famílias da elite alagoana se deveu à personalidade dele que era um sujeito reconhecido pela sua honestidade e expansividade.

“Mas ele também era boêmio, alegre, adora contar piadas, cantar e recitar poesias quando estava entre seus familiares e amigos”, diz Ledo. A alegria de viver e o apego à família também são características marcantes de sua personalidade. A mulher e os cinco filhos são objeto de inúmeros retratos de sua autoria. Reza a lenda que ele adorava colocar toda filharada numa Kombi, ao longo de anos teve várias, e levá-la para sua casa de praia em Guaxuma, carinhosamente chamada de Repouso do Guerreiro. Lá o clima era de grande diversão e companheirismo entre os convivas. Vítima de enfisema pulmonar, Japson Almeida certamente viveu intensamente cada um dos seus 80 anos de vida. Ele morreu no ano de 1992.

Depois de ter sua fotografia premiada, Almeida tomou gosto pela arte fotográfica que logo se tornou um hobby. “No começo, ele revelava suas fotografias na própria cozinha de casa. Esperava sua mulher terminar de lavar a louça para escurecer o ambiente e ia manipular seus negativos”, conta Ledo. “Com o tempo, a fotografia se tornou uma atividade cada vez mais sofisticada para Japson. Ele lançava mão do que havia de melhor e mais moderno em termos de tecnologia e chegou até a aprender três idiomas de tanto negociar com os fornecedores estrangeiros para comprar câmeras e equipamentos de outros países”, destaca.

Durante sua trajetória que foi do artesanal para o apuro técnico, Japson Almeida acabou abrindo um estúdio-laboratório na Rua do Comércio, no centro de Maceió. O estabelecimento, por fim, tornou-se uma loja que revendia artigos fotográficos e ainda oferecia o serviço de manutenção de equipamentos. “Ele foi uma referência no Estado. Não apenas pelo esmero técnico de seu trabalho, mas também pela composição artística que imprimiu nas imagens que fotografou”, relembra Ricardo Ledo.

Na opinião dele, o auge da produção de Almeida se deu na década de 60 quando registrou as imagens da capital alagoana em preto e branco. “Japson era completamente deslumbrado com a beleza da cidade. E, graças a ele, temos um belo acervo de imagens da paisagem daquele tempo e do cotidiano daquela época. Ele costumava dizer que a boa fotografia tinha de ser feita com o coração”, diz. Quem quiser conferir esse olhar especial sobre a Maceió do passado, não deve perder esta exposição.

Serviço:
Exposição do II FotoFejal
Local: Museu da Imagem e do Som (Misa)
Endereço: Rua Sá e Albuquerque, Jaraguá.
Contato: 3215-5094

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