Os jornalistas e gráficos do jornal Tribuna de Alagoas, juntamente com suas entidades sindicais, vão enviar carta-denúncia ao governo, partidos e autoridades federais para relatar o abandono que estão passando e cobrar providências contra os arrendatários do jornal.
Parados há oitenta dias, eles responsabilizam o ex-governador Ronaldo Lessa e o empresário Robert Lyra pelo fechamento do matutino e o abandono de 110 trabalhadores, que não recebem salários há cinco meses e também não são indenizados. Lessa é representado na Tribuna por seu irmão, Geraldo Lessa, e Robert Lyra por seu assessor, Lucas Normande.
A carta-denúncia será enviada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Presidência da República, Ministério do Trabalho, presidências da Câmara e Senado, Procuradoria Geral da República, Ministério Público e executivas nacionais dos partidos, entre eles o PDT, ao qual Ronaldo Lessa é filiado.
Além do fechamento do jornal e do não pagamento dos salários e indenizações, os trabalhadores vão denunciar Lessa e Lyra por desrespeito à legislação trabalhista durante o arrendamento do jornal. Eles citam, entre as irregularidades, a contratação de profissionais sem carteira assinada, fato que levou a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) a notificar a Tribuna no ano passado, exigindo a regularização de 21 contratos de trabalho.
Na correspondência aos órgãos e autoridades federais, os jornalistas, gráficos e suas entidades desaconselham o governo Lula e o PDT de manterem a indicação de Ronaldo Lessa para secretário executivo do Ministério do Trabalho, considerando o histórico contraditório do ex-governador no trato com os trabalhadores e a legislação trabalhista.
Após encaminharem a carta denúncia, os trabalhadores da Tribuna farão uma manifestação na próxima quarta-feira à noite, em frente a casa de festas Regente, ocasião em que o ex-governador estará lançando um instituto com seu nome. Outra manifestação está prevista para a sexta-feira, em frente à revendedora de automóveis Nagoya, de propriedade do empresário Robert Lyra.
Os jornalistas e gráficos, que ocupam a sede da Tribuna há oito dias, também preparam uma série de denúncias contra os diretores da empresa, entre eles o superintendente Geraldo Lessa, irmão de Ronaldo, e o diretor Administrativo Vorney Mendes. Os trabalhadores lembraram o processo a que Geraldo Lessa responde na Justiça por desvio de recursos na Fundação Teotônio Vilela, e o processo aberto contra Vorney Mendes por desvio e venda de canos da Companhia de Água e Saneamento de Alagoas (Casal), onde atuou como diretor. “Foi com esse tipo de pessoal que o ex-governador e o empresário Bob Lyra se juntaram para administrar a Tribuna”, disseram hoje os trabalhadores, após assembléia na sede do jornal.
Mais infomações sobre o movimento no blog: http://tribunaocupada.zip.net
CARTA-DENÚNCIA
Maceió (AL), 24 de abril de 2007
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Exmo. Sr.
CARLOS LUPI
Ministro do Trabalho
Brasília-DF
Senhor Ministro,
Nós, jornalistas e gráficos do jornal Tribuna de Alagoas, juntamente com o Sindicato dos Jornalistas e o Sindicato dos Gráficos, vimos denunciar os fatos descritos abaixo e solicitar providências urgentes:
1- O jornal Tribuna de Alagoas, arrendado pela Empresa Tribuna de Notícias, cuja propriedade oficial é do Sr. Lucas Normande (representante indireto do empresário Robert Lyra e do ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa), encontra-se há oitenta dias sem funcionar e pagar os salários dos seus trabalhadores, cujo acúmulo já soma cinco meses;
2- Apesar dessa situação insustentável, os proprietários diretos e indiretos da empresa não têm se mobilizado para solucionar o problema e saldar a dívida com os empregados, abandonando-os à própria sorte;
3- Mesmo assumindo compromisso na Procuradoria Regional do Trabalho para saldar os salários não pagos, os diretores e proprietários da empresa também não cumpriram o prometido, numa clara demonstração de que pretendem dar um calote nos trabalhadores;
4- Nem mesmo a demissão coletiva dos funcionários e a conseqüente indenização dos mesmos, que é uma das alternativas para uma empresa falida, chegou a ser cogitada pelos respectivos diretores e proprietários;
5- Antes mesmo do fechamento do jornal e dos seguidos meses de atraso salarial, a direção e os donos da empresa demitiram cerca de 60 empregados e também não pagaram as verbas rescisórias, num completo descaso e desrespeito aos direitos dos trabalhadores;
6- Acionados na Justiça do Trabalho, os diretores e proprietários se comprometeram a pagar as verbas rescisórias dos demitidos em diversas parcelas, mas também não estão cumprindo o compromisso assumido;
7- Antes mesmo dos atrasos salariais, do fechamento do jornal e do abandono dos trabalhadores, o histórico da empresa era de desrespeito à legislação e aos direitos trabalhistas, conforme pode ser detectado nas autuações realizadas pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT-AL). Uma das irregularidades constatadas foi a contratação de 21 jornalistas sem carteira de trabalho assinada, que a DRT exigiu, de uma só vez, a imediata solução do problema;
8- Em que pese o discurso de democratas, socialistas e trabalhistas dos diretores e proprietários da Tribuna, a prática da empresa tem sido de exploração, pressão e assédio moral sobre os funcionários, que também são intimidados e ameaçados de demissão quando vão cobrar seus salários;
Por fim, além de solicitar de V. Exa. e desse governo as providências legais e administrativas que requer o caso, aconselhamos-lhe a não manter a indicação do Sr. Ronaldo Lessa para secretário Executivo do Ministério do Trabalho, pois o mesmo, diante do que expusemos acima, não reúne as condições e requisitos necessários para assumir a pasta, notadamente em um governo e em uma gestão que se dizem dos trabalhadores.
Atenciosamente,
Sindicato dos Jornalistas de Alagoas
Sindicato dos Gráficos de Alagoas
Funcionários do jornal Tribuna de Alagoas
