Vítimas ainda sofrem conseqüências do atropelamento

Luis Vilar/ArquivoKerlison, na época da faculdade de fisioterapia, foi uma das vítimas de Anderson Clayton

Kerlison, na época da faculdade de fisioterapia, foi uma das vítimas de Anderson Clayton

O domingo do dia 12 de fevereiro do ano passado era mais um plantão da escrivã Nadja de Azevedo, que estava na Delegacia de Plantão III. Ela se preparava para mais uma ocorrência – um motorista que tinha sido preso embriagado, depois de um atropelamento – quando descobriu que o filho dela estava entre as vítimas.

Kerlyson Casado estava no ponto de ônibus, quando o motorista Anderson Clayton dos Santos subiu a calçada, matou três pessoas na hora e feriu outras 16.

A mãe, aflita, deixou tudo e foi ao socorro do filho. “Na mesma semana os avós dele foram internados, depois que souberam do acidente. Hoje estão os três na cama. Kerlyson estudava Fisioterapia, mas hoje não se alimenta, não fala, não senta, nem se comunica”, relatou Nadja de Azevedo.

O acidente ainda abalou a vida da mãe, mulher e dona de casa. “Perdi plano de saúde, terreno, carteira de motorista. Acho que nunca mais vou ter equilíbrio na minha vida. Tudo que se faça agora será muito pouco”, afirmou.

A mãe lembra que Kerlyson Casado era bastante religioso, sensato e responsável. Ele tocava baixo, violão e teclado e gostava de basquete e natação. Na faculdade, Kerlyson se preparava para se formar. Estagiou em todos os hospitais de Maceió e era o primeiro aluno da turma na área mandibular, onde queria se especializar.

Depois do acidente, ele passou por cinco operações na cabeça – a última realizada no dia 13 de abril. Ele também precisa de uma dieta especial, devido à gastrostomia- procedimento em que o paciente é alimentado com uma sonda ligada ao estômago.

“Tem horas que vejo a fisionomia dele ausente. Tem horas que ele parece clamar socorro. E tem vezes que ele chora bastante. É muito triste”, desabafou a mãe.

Criança

Outra história que chocou a população foi a da menina Israiane dos Santos Silva, de apenas oito anos. A criança morreu atropelada, quando voltava para a casa depois de um final de semana com o pai, Cícero José da Silva.

Cícero da Silva, que é separado, passava o primeiro fim de semana com a menina. Depois de uma viagem a São Miguel dos Campos, ele passou no shopping e voltava para deixar a menina em casa.

“Nós íamos uma semana antes, mas apareceu um trabalho e eu não fui. No dia do acidente, ela dizia que queria chegar cedo, para uma apresentação de canto com um grupo de jovens. Eu queria lanchar no shopping, mas ela disse que a gente tomava um guaraná no ponto de ônibus”.

“Depois de comprar o refrigerante, eu vi o ônibus e fui com ela, quando ocorreu o acidente. Só acordei no hospital”, disse Cícero da Silva, que também levou uma pancada na cabeça e teve traumatismo no tórax.

“É um vazio muito grande. É uma falta imensa que ela faz. Ela era inteligente e hoje, estaria na 5ª série. Em casa eu tenho uma pasta com recordações dela. Toda vez que penso nela caem as lágrimas”, diz emocionado.

Depois do acidente, Cícero da Silva, que é eletricista, perdeu o emprego, passou dez meses sem poder trabalhar e hoje vive de bico. Ele entrou com uma ação pedindo indenização pela morte da filha e fez um acordo de receber 15 parcelas, de R$ 700 do motorista Anderson Cleyton. No entanto, passaram quatro meses e o dinheiro não foi depositado.

Outras vítimas

Eline Moreira estava com a irmã, Maria Cristina Apígio na noite do acidente. Elas foram fazer compras, mas perderam tudo, até os documentos. Eline Moreira teve vários cortes e a irmã fraturou a perna, o nariz e quebrou vários dentes na raiz, o que impossibilita a restauração.

“Há 15 dias, ela passou por uma cirurgia, para reparar o deslocamento de um osso. Até hoje ela sente dores por causa do acidente”, contou Eline Moreira.

A massoterapeuta, Maria Nailte Gama, estava voltando para casa, depois de uma sessão na casa da cliente, quando foi atropelada. “Eu quebrei a clavícula e estava no chão, quando o motorista saiu do carro. Se não fosse um rapaz, ele iria pisar em mim e eu mal podia me mexer”, contou.

Por conta do acidente, Maria Gama ficou cerca de um ano sem poder trabalhar e até hoje sente dores no ombro, por causa da clavícula.

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