O senador Renato Casagrande (PSB-ES) aceitou nesta quinta-feira o convite para assumir a relatoria do processo contra Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética do Senado. Casagrande passou a manhã reunido com líderes de seu partido e da base aliada do governo para discutir o assunto.
No entanto, o senador ainda não se reuniu com o novo presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), para tratar da questão. Quintanilha assumiu a presidência do conselho em substituição ao senador Sibá Machado (PT-AC), que renunciou ao cargo anteontem, em meio ao impasse político para a escolha do relator no processo contra Renan.
A Folha Online apurou que o PSB não se mostrou favorável ao convite a Casagrande. O partido teme que o senador fique com o "sacrifício" de relatar o processo contra Renan, enquanto o PMDB na presidência do Conselho de Ética não terá ônus junto à opinião pública caso Renan seja absolvido sem a ampliação das investigações.
Casagrande quer ter liberdade para apurar as denúncias e não sofrer pressões –o que inclui ampliar o foco do processo contra o presidente do Senado.
O grupo pró-Renan defende que o Conselho de Ética apenas investigue as denúncias de que o senador usou recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
A oposição, por outro lado, cobra investigações sobre toda a movimentação financeira do senador, o que inclui a venda de parte de seu rebanho em Alagoas. Renan é acusado de ter utilizado notas frias para justificar a venda de gado no Estado.
Diante do impasse, líderes governistas sugeriram que seja criada uma comissão de três senadores para a relatoria do processo contra Renan. O regimento do Senado permite que um processo seja relatado simultaneamente por três parlamentares que, nesse caso, passam a integrar uma subcomissão para o caso.
Reunião
Quintanilha vai se reunir na tarde de hoje com Casagrande para discutir a relatoria. O presidente do conselho fez ontem à noite o convite para o senador assumir o cargo, mas Casagrande havia pedido um tempo para "pensar" na proposta.
O presidente do conselho afirmou que já pediu um parecer jurídico sobre o processo contra Renan para determinar o rumo das investigações. Apesar de ser aliado do senador, Quintanilha disse que dará o aval para ampliar o foco das investigações, se isso for necessário.
"Eu sou a favor do esclarecimento dos fatos. Se para isso for necessário aprofundar as investigações, será feito."