Sequestradores de veículos

Nova modalidade de crimes deixa população mais assustada

Um novo tipo de roubo vem assustando moradores da Zona Norte e Baixada: criminosos de favelas das regiões ‘seqüestram’ veículos para depois pedir resgate aos donos. Para ter seus bens de volta, as vítimas têm que desembolsar de R$ 500 a R$ 5 mil. Vários praticantes da nova modalidade de crime já foram identificados pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA).

De acordo com o delegado Ronaldo de Oliveira, o ‘seqüestro’ de carros geralmente é feito com autorização do chefe do tráfico local, que fica com boa parte do lucro. “O golpe começou devido à repressão ao tráfico nesses locais e também pela garantia de dinheiro fácil. Os traficantes mandam os jovens criminosos roubarem no asfalto e ganham a maior parte.”

Trinta bandidos do Complexo Lemos de Brito, em Quintino, tiveram mandados de prisão expedidos. Chefes do tráfico do Complexo do Alemão e das favelas Pára-Pedro, em Colégio, Vila Aliança, em Bangu, e do Jacarezinho também terão as prisões pedidas.
Entre os que já têm mandado de prisão estão Luciano Oliveira Felipe, o Cotonete, e seus comparsas, identificados apenas como Piolho, Nem, Di Menor, Corcunda e Bin Laden, todos do Complexo Lemos de Brito.

telefone

As investigações feitas pela DRFA apontam que as vítimas preferidas dos bandidos são mulheres e idosos. “Geralmente, são pessoas que se apegam aos seus bens e que pagariam qualquer valor para tê-lo de volta”, explicou o delegado. Os carros mais roubados são Honda Civic, Corolla e Citroën. Mas outros modelos também entram na lista, como motos, Kombis (veículo muito usado para trabalho, o que facilita o pagamento de resgate pelo dono) e automóveis antigos, que não têm seguro.

Os criminosos chegam a pegar um telefone de contato das vítimas, para ligar pedindo o resgate. Quando não pedem, roubam bolsas, carteiras e celulares, para identificar o dono do veículo e, assim, fazer o contato para conseguir o dinheiro.

Ronaldo Oliveira explica que muitas vítimas acabam pagando o valor pedido e não registram os casos na delegacia, o que dificulta a identificação e prisão dos assaltantes. “O pagamento incentiva a prática de novos crimes. Além disso, é perigoso marcar encontro com esses bandidos porque o caso pode passar de seqüestro de patrimônio para seqüestro de pessoa”, alertou.

FAVELAS

O delegado da DRFA também vai pedir a prisão de Antônio José de Souza Ferreira, o Tota, chefe do pó no Alemão, e seus comparsas Renatinho e Mata Rindo, além de Márcio da Silva Lima, o Tola, líder do tráfico na Vila Aliança.

Desde abril, a equipe da delegacia faz um trabalho intenso de monitoramento das favelas de onde saem os bandidos que praticam o crime e conseguiu identificar vários deles. Também foram feitas diversas operações para resgatar carros escondidos nesses locais. Só no Morro da Pedreira, em Costa Barros, foram recuperados 32 veículos, 28 deles seqüestrados.

Segundo levantamento feito pelos policiais, foram roubados em abril 1.253 veículos nas áreas de 15 delegacias das zonas Norte e Oeste — onde os roubos são mais freqüentes.

O índice no mesmo período do ano passado foi de 1.535. Em maio de 2006, foram registrados 1.587 roubos, contra 1.375 no mesmo mês deste ano. Mês passado, o número caiu de 1.316 para 1.254.

Vítima

Para ter seu carro de volta, um servidor público de 48 anos pagou R$ 500. Seu veículo foi roubado há 20 dias por bando da Favela Pára-Pedro. Alguns dias depois, o funcionário recebeu o recado dos ladrões: eles queriam R$ 700 de resgate. “Arrumei R$ 500 e dei. É uma vergonha, ficamos acuados”, reclamou. Mesmo pagando, o automóvel ficou depenado.

Um mês antes, dois vizinhos foram vítimas do ‘seqüestro’. Como também não tinham dinheiro, recorreram a amigos para obter o resgate. “Se não pagamos, eles queimam o carro. Soube de vários casos assim. É absurdo. Como vamos ter paz com bandidos ligando para nosso telefone?”, indagou.

Fonte: O Dia

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