Semelhanças

Alguns fatos presentes, e outros bastante recentes que têm freqüentado o noticiário aqui no Brasil guardam alguma semelhança com acontecimentos no exterior, e os motivos também se relacionam: incompetência dos governantes e ganância das empresas.

O transtorno dos usuários do transporte aéreo, por exemplo, encontra paralelo no Reino Unido, onde os passageiros têm enfrentado filas e uma espera maior do que o tempo de vôo. No aeroporto de Heathrow, em Londres, os viajantes reclamam de esperar, em média, uma hora e meia, do check-in até o embarque, o que, para os atuais padrões brasileiros, nem pode ser considerado atraso. Mas os britânicos se queixam do caos criado pela administradora do aeroporto, a BAA, empresa privada de capital espanhol. Uma complicação previsível, pois na alta temporada o movimento sempre aumenta. Funcionários de menos, lucros de mais, serviços precários.

Nos EUA, dois episódios fazem lembrar o Brasil: a queda da ponte sobre o rio Mississippi – aqui no Brasil caiu, nos anos setenta, o viaduto Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, episódio lembrado na letra da música O bêbado e o equilibrista -, com a constatação, ou a admissão do que já se sabia, de que grande parte das demais pontes do país se encontra em estado precário, com sérias deficiências de manutenção; e a reação irada do presidente francês Nicolas Sarkozy, ao ser fotografado enquanto passeava de barco num lago. Pior que Lula e seus auxiliares, que “apenas” vituperam contra os jornalistas, Sarkozy invadiu o barco dos paparazzi, aos gritos, e tentou tomar-lhes as câmeras.

Enquanto aqui se noticia que armas de agentes da Força Nacional de Segurança se extraviaram num vôo da TAM para Manaus e documentos das vítimas do acidente da Gol foram parar nas mãos de estelionatários, a mídia estrangeira informa que 190 mil armas diversas fornecidas pelos americanos se perderam no Iraque, uma fragorosa demonstração de incompetência e, seguramente, corrupção dos governos dos EUA e do Iraque.

Também no Reino Unido, uma epidemia de febre aftosa, atribuída a um eventual vazamento num laboratório fabricante de vacinas, se alastra. E nós é que somos acusados pela União Européia de maus cuidados na prevenção de doenças dos nossos rebanhos.

E no quesito impunidade, os agentes da polícia inglesa, a famosa Scotland Yard, que literalmente assassinaram o brasileiro Jean Charles de Menezes, permanecem impunes.

Esse pouco caso com os direitos das pessoas e com a coisa pública, como se vê por esses exemplos, não são exclusividade terceiro-mundista. Pode-se dizer, sem medo de errar, que o padrão de comportamento dos poderosos, sejam dirigentes públicos ou empresariais, é quase invariável, importa mesmo é manter e, se possível, ampliar o poder e “maximizar” os lucros. Os fins sempre justificam os meios. A imagem que algumas empresas tentam passar para o público está muito distante daquilo que os consumidores esperam. A TAM, até agora, não providenciou o indispensável tratamento psicológico para os parentes das vítimas de Congonhas e as seguradoras fazem o possível para pagar o mínimo de indenização a essas pessoas.

As companhias exigem dos candidatos a emprego uma ficha de antecedentes impecável, mas atuam, como tantos políticos, muito aquém da ética no tratamento dispensado à distinta freguesia. Para não dizer que não são punidas por isso, a Nestlé, uma empresa suíça, acusada de reduzir a quantidade das embalagens de 44 produtos, foi multada em 531 mil reais, quantia irrisória para uma empresa deste porte.

Na verdade, não se trata de semelhanças: o dolo, lograr a clientela, política ou não, em completa impunidade, se tornou o padrão destes novos tempos.

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