Brasil abrirá maratona de discursos na ONU

A 62ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira (25) em Nova York, nos Estados Unidos, com um assunto que promete dominar os discursos e as negociações de bastidores: as mudanças climáticas no planeta.

Este será inclusive um dos temas tratados pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que será o primeiro líder de governo a falar. Seu discurso deve começar por volta das 10h30 (pelo horário brasileiro), logo após as falas do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do presidente da Assembléia.

Lula também deve renovar o pedido para que o Brasil tenha uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. No discurso deve mencionar a necessidade do multilateralismo e a participação dos países em desenvolvimento nos grandes fóruns de decisão mundial, como Conselho de Segurança e o G-8 (o grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia).

O Brasil, a Índia e a África do Sul têm esperanças de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança, mas enfrentam resistência de seus vizinhos. No caso do Brasil, a resistência vem do México e da Argentina.

Durante o discurso, Lula tambémdeve falar sobre a importância dos biocombustíveis. E apresentará cifras positivas sobre a proteção da Floresta Amazônica.

A voz da ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira (24) que os mais de 150 países que reuniu para debater os desafios da mudança climática mostrem liderança e enviem "a seus povos um sinal claro e coletivo" de que transformarão suas intenções em ação. "O desafio imediato é transformar as preocupações comuns em um novo consenso que permita avançar", disse Ban aos representantes de mais de 150 países.

"Não há mais lugar para as dúvidas. Há uma advertência sobre a mudança climática vinculada diretamente à atividade humana (…). Sabemos o suficiente para agir e temos tecnologias para tratar o problema. O que não temos é tempo", advertiu Ban.

Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tomou distância desta reunião e convocou uma própria em 27 e 28 de setembro, convidando 15 países, entre eles -além da ONU e da União Européia (UE)- Brasil, Japão, Canadá, Coréia do Sul, México, Rússia, Austrália, Indonésia e África do Sul, onze dos que mais poluem o planeta. Os Estados Unidos estão representados no debate sobre a mudança climática por sua secretária de Estado, Condoleezza Rice.

O foco de Bush está em sua própria reunião, que tem o mesmo objetivo: a redução das emissões responsáveis pela mudança climática, mas com uma idéia fundamentalmente diferente de como concretizar essa redução.

Ban Ki-moon, no que pareceu uma advertência indireta a Washington, disse que a ONU é o "fórum apropriado" para realizar essa negociação global.

Irã
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse neste domingo (23) que viaja para a Assembléia Geral da ONU, em Nova York, com a intenção de "apresentar o modelo iraniano aos outros países".

Foi ele o líder mundial que mais chamou a atenção na segunda-feira (24), véspera da abertura da Assembléia da ONU e dia repleto de encontros em Nova York.

Ele enfrentou um grande protesto ao chegar à Universidade Columbia e trocou farpas com o reitor da instituição, Lee Bollinger.

O acadêmico disse que o presidente iraniano exibe "todos sinais de um cruel ditador". Ahmadinejad retrucou dizendo que a crítica era um insulto para o público presente à palestra. Ahmadinejad é um dos maiores críticos da administração do norte-americano George W. Bush.

No meio de sua palestra, já respondendo a perguntas dos estudantes e acadêmicos, Ahmadinejad arrancou risos da platéia ao dizer que no Irã não há homossexuais. "Nós não temos homossexuais no Irã, como vocês têm nos Estados Unidos", disse o presidente iraniano.

Argentina
O presidente argentino, Néstor Kirchner,irá reivindicar o esclarecimento do atentado ocorrido em julho de 1994 contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em Buenos Aires, que deixou 85 mortos.

Kirchner afirmou neste sábado (22) à agência estatal "Télam" que "a convivência dos países no mundo torna necessário que se respeite o Estado de Direito" e disse que as nações "têm que contestar as rogatórias que são pedidas a elas".

França
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, viajou neste domingo (23) para Nova York para discursar, pela primeira vez, na 62ª Assembléia Geral da ONU. Seus principais assuntos serão o programa nuclear iraniano e a questão africana, especialmente o conflito em Darfur, no Sudão.

Bolívia
O presidente da Bolívia, Evo Morales, defenderá os direitos indígenas e pedirá para que os países ricos tomem consciência de sua responsabilidade no aquecimento global.

Ele se referirá aos direitos das comunidades originárias, há dez dias da aprovação, por parte da ONU, da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas. O presidente anunciou que, para comemorar a decisão da ONU, fará uma "festa mundial" na Bolívia em 12 de outubro, com a participação de organizações indígenas.

Alemanha
A chanceler alemã, Angela Merkel, deve defender a urgência de medidas contra a mudança climática nos discursos que fará nesta semana na 62ª reunião da Assembléia Geral da ONU e na conferência convocada pelo secretário-geral, Ban Ki-moon.

Durante o evento, que tem início nesta terça-feira (25), Merkel terá também encontros bilaterais, inclusive com o presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Fontes do governo alemão informaram que Merkel concentrará boa parte de seu primeiro discurso na Assembléia Geral na necessidade de preparar um acordo pós-Kyoto e fixar limites às emissões de dióxido de carbono.

Merkel irá falar também como atual presidente do G8 e irá expor basicamente os objetivos da União Européia e do G8 até 2050: reduzir pela metade as emissões e limitar o aquecimento da Terra a 2ºC.

Fonte: G1

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos