De acordo com uma empresa de consultoria contratada pela Associação das Empresas do Distrito Industrial de Maceió (Adedi), foi comprovado que alimentos, remédios, embalagens de comida, cervejas e refrigerantes produzidos nas empresas situadas no Distrito Industrial Governador Luiz Cavalcante, correm riscos de contaminação pelos resíduos do incinerador do lixo hospitalar pertencentes a empresa Serquip, que funciona no local.
Além disso, ao todo são 3.300 funcionários distribuídos em 50 indústrias de pequeno e grande porte que estarão com a saúde comprometida, caso os gases emitidos com a queima de lixo não estejam dentro das condições atmosféricas.
O advogado da Associação, Wanderley Jardim Aguirre, afirmou que a Adedi está movendo uma ação judicial contra a Serquip. “Contudo, aos poucos, a empresa está se adequando as nossas exigências. Os empresários que adquiriram a Serquip não sabiam dos problemas existentes com os outros empresários, mas eles têm boa vontade e estão operando dentro das especificações exigidas. Apenas algumas adequações se fazem necessárias”.
A Serquip se beneficia de uma brecha na legislação que não especifica um local adequado para a instalação de incineradoras nem proíbe a sua localização em distritos industrias. Contudo, o Distrito Industrial de Maceió é contornado por conjuntos residenciais.
A Serquip e a Limpel têm sócios em comum. Ambas atuam no mercado do tratamento do lixo gerado no Estado. Sendo que a Serquip é a única a atuar no segmento de lixo hospitalar em Alagoas. Tanto que incinera lixo hospitalar dos estabelecimentos de saúde da capital e do Interior, pelo menos de Arapiraca.
A Serquip oferece serviços de coleta, transporte e tratamento de lixo hospitalar. Embora, os empresários da Serquip afirmem que operam com índices aquém da real capacidade, a empresa está apta, de acordo com a diretoria, a atender todas as unidades de saúde humana ou animal, desde consultórios médicos ou odontológicos, até hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, hemocentros e centros de pesquisa. Enfim, todos os serviços que geram resíduos infectantes ou especiais.
Cuidados
Segundo o diretor técnico da Serquip, Luiz Felipe de Almeida Neto, a incineração de lixo hospitalar é tão minuciosa que só a Serquip tem condições de atuar em Alagoas. “É a única a ter o certificado do IMA. O cuidado com a incineração começa ainda no transporte do lixo que é acondicionado em recipientes apropriados denominados bambonas, confeccionados em polietileno de alta densidade”, como fez questão de frisar.
Além de Maceió, a empresa tem filais em Recife, Petrolina, Belo Horizonte, João Pessoa, Natal, São Luís, Curitiba e Salvador. E mais recentemente está operando também em Brasília.
“Em nenhum outro Estado encontramos resistência. Em Minas Gerais, estamos vizinhos à empresa Itambé, por exemplo. As pessoas que reclamam do funcionamento da Serquip não estão munidas de todas as informações acerca da nossa empresa. O lixo hospitalar que não tiver destinação correta, no caso a incineração, certamente, será levado para o lixão e ficará exposto a céu aberto, causando danos irreparáveis à população. Os empresários do Distrito Industrial precisam entender que a preocupação que temos com a saúde da população está acima de interesses econômicos e financeiros. A Serquip tem todos os respaldos técnicos necessários para dar aos resíduos provenientes dos hospitais de Alagoas o tratamento adequado, preconizado pelos órgãos de saúde ambiental”.
O diretor técnico da empresa garantiu que a Serquip possui equipamentos de alta tecnologia capazes de obter uma redução de 97% desses resíduos. “A sobra são apenas cinzas e toda a operação é controlada por modernos programas de computador”.
Luiz Felipe esclareceu que a Serquip estava precisando se adequar em seis itens e tudo já foi resolvido. Falta apenas, conforme ele, um teste de dispersão. “Temos até o final do ano para realizarmos este teste, mas vamos fazê-lo neste mês. Todos os químicos que já procuramos disseram que o ar emitido pela nossa chaminé está com todos os índices de impureza abaixo do limite permitido, obviamente, quando este ar chegar à atmosfera, aí é que as partículas de impureza ficam ainda mais dispersas”.
De acordo com Luiz Felipe, a Serquip pratica a política da boa vizinhança e está atendendo às recomendações condicionantes apresentadas pelo IMA, justamente para diminuir a polêmica em torno do funcionamento da empresa. “Quem tem que dizer se estamos adequados às exigências ambientais ou não é o IMA. E temos todos os laudos favoráveis a nossa empresa assinados pelo órgão”, assegurou.
Luiz Felipe pontuou que a Serquip preenche uma lacuna até então existente no Estado. “As pessoas que reclamam do funcionamento da Serquip fazem-no por desconhecer os benefícios do processo de incineração do lixo hospitalar”.