Psicóloga alerta para os sinais emitidos por crianças vítimas de violência

Queda no rendimento escolar, mudança de comportamento, agressividade, introversão, instabilidade afetiva, medo súbito de pessoas estranhas e dificuldade de relacionamento. Segundo a psicóloga e psicopedagoga infantil Raquel Covatti, estes são alguns dos sinais emitidos por uma criança que está sendo vítima de violência.

Conscientizar a população sobre a importância de denunciar os agressores é um dos objetivos da Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância (0 a 6 anos), que começou no dia 12 e prossegue até o dia 18 de outubro.

Raquel chama a atenção para os alarmantes índices de maus-tratos infantis no País. Segundo pesquisa da USP – Universidade de São Paulo, entre 1996 e 2007, os órgãos responsáveis receberam mais de 49 mil denúncias envolvendo todo o tipo de violência contra a criança.

“O mais preocupante é a estimativa de que esse número represente apenas 10% dos casos reais. O medo de se envolver com a situação, a falta de um aparato público que dê segurança a quem denuncia e a falta de estrutura dos conselhos tutelares fazem com que as denúncias ainda sejam poucas”, avalia a psicóloga.

Ela acrescenta que a atenção dos adultos que cercam a criança é fundamental para reconhecer os sinais emocionais emitidos pela vítima e os físicos, como manchas roxas no corpo e a ocorrência de “quedas” freqüentes.

Marcas

Com relação as marcas emocionais que ficam nas pequenas vítimas, a psicóloga diz que é bastante relativo. “A criança que foi abusada sexualmente na primeira infância, por exemplo, não terá o grau de entendimento de um adulto acerca do que aconteceu, mas se isso for uma rotina em sua vida, causará danos na auto-estima e até depressão, dependendo da faixa etária”.

As crianças que foram submetidas a algum tipo de violência são geralmente encaminhadas a um tratamento psicológico, que envolve atividades com brinquedos e desenhos. Raquel salienta que o atendimento psicológico do SUS não disponibiliza estrutura para atender as crianças.

Vivendo com o inimigo

Se é difícil para a criança entender quando a violência parte de alguém estranho, ou não tão próximo, imagine quando ela acontece dentro de casa. “Nesses casos não basta afastar a criança do convívio com o agressor. É preciso reeducar esse agressor, no caso de pai e mãe. No entanto, o governo não possui instituição para realizar essa reeducação. Parece que, em todo o país, só há uma ONG, em São Paulo, que faz esse trabalho”, diz Raquel.

A psicóloga explica que não há classe social onde a violência ocorra mais freqüentemente, mas o abuso de álcool, o uso de drogas em geral, associados a problemas financeiros e a falta de “educação” acabam aumentando a tendência.

“Os maus-tratos físicos sempre estão acompanhados dos maus-tratos psicológicos, da chantagem, das ameaças. Quando a agressão parte do pai ou da mãe é ainda pior, porque a criança fica dividida, com um sentimento ambíguo: como alguém que ela ama pode lhe fazer tanto mal?”, finaliza.

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