Banco Rural demite 677 pessoas e fecha 28 agências

Com 28 agências e 677 funcionários a menos, o Banco Rural finalizou ontem a reestruturação interna para reduzir em 35% suas despesas operacionais. As demissões foram assinadas à tarde, concluindo mais uma etapa do trabalho da direção do banco mineiro para superar os efeitos da mais grave crise já enfrentada pela instituição financeira.

" Acabou a fase de sofrimento, vamos parar de conversar e voltar a trabalhar " , resumiu a vice-presidente de suporte operacional, Ayanna Tenório, em entrevista ao Valor. " Agora é a fase de tocar em frente. "

O banco, que já havia sofrido com saques depois da intervenção no Banco Santos, teve perdas ainda maiores depois que se viu envolvido no escândalo do mensalão na Câmara dos Deputados, apontado como caixa do esquema operado por um de seus clientes, o empresário Marcos Valério de Souza. E viu os depósitos totais baixarem de R$ 4,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões.

Acatando recomendações do Banco Central, o Rural assumiu um prejuízo de R$ 129,7 milhões no balanço do primeiro semestre e deu início à reestruturação, que representa um enxugamento de 40% no tamanho do banco. A maior parte das 28 agências do Rural que serão fechadas estão em São Paulo. Ao todo serão desativados nove pontos de atendimento, cinco deles na capital.

Também serão fechados endereços em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além de outras capitais. Os negócios dessas agências serão incorporadas por outras da mesma região. A agência de Brasília, onde foram feitos os saques de políticos nas contas das empresas de Marcos Valério, será mantida. Mas em novo endereço. Será uma agência de rua, e não mais dentro de um prédio comercial. A idéia é criar uma nova imagem para o banco no Distrito Federal.

A decisão sobre quais dos 72 pontos seriam fechados levou em consideração um rastreamento completo dos negócios de cada agência. O banco, que tinha na carteira de clientes empresas com faturamento anual entre R$ 2 milhões e R$ 100 milhões, definiu como foco os clientes de receita até R$ 50 milhões. E o priorizou as agências que já trabalhavam voltadas para este perfil de cliente.

Para demitir 677 dos 1.825 funcionários, o banco lançou inicialmente um programa de demissão voluntária, com benefício de até seis salários para quem aderisse. Uma carta assinada pela presidente Kátia Rabello, explicando a importância da adesão para a sobrevivência do banco, foi distribuída na empresa. " A empresa não está fazendo isso porque quer, mas porque precisa " , diz a vice-presidente, traduzindo o tom do comunicado. Aderiram 539 funcionários, mas o banco acabou acatando apenas 412. Foram demitidos 479 bancários da área operacional e outros 198 da área administrativa, incluindo cinco diretores executivos.

Segundo Ayanna Tenório, uma reestruturação interna dessas dimensões em menos de um mês só foi possível porque o banco já vinha trabalhando em um projeto de modernização da gestão há um ano, depois da morte do vice-presidente do banco, José Augusto Dumont. " A decisão de fazer mudanças para aumentar a eficiência já estava tomada " , disse Ayanna. " Com a crise, o que era possível esperar para fazer aos poucos, não foi mais possível esperar. "

Na previsão da executiva, que era vice-presidente de estratégia e novos negócios do grupo Bompreço e foi contratada pelo Rural há pouco mais de um ano para coordenar justamente as mudanças que se pretendia fazer, um processo de reestruturação do banco levaria entre dois e cinco anos para estar concluído. " Só pudemos fazer tudo na velocidade que estamos operando porque já tínhamos um raio X do que era preciso. " A necessidade de dar respostas rápidas ao mercado e salvar o banco, levou os acionistas a aprovar medidas antes eram vistas com má vontade, como o fechamento de agências.

Segundo Ayanna Tenório, há quase 40 dias, o Rural não registra saques de valores vultosos. " O impacto do anúncio do prejuízo e da reestruturação foi positivo " , conclui.

Fonte: Uol

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos