"É QUE" ou "É DE QUE"?

“O Governo Federal iniciou hoje o recadastramento de pescadores em todo o Brasil. A expectativa é de que sejam cadastradas mais de 600 mil pessoas. Em Alagoas, o secretário regional da pesca, Paulo Nunes espera registrar 12 mil pescadores.”

O fragmento acima reproduzido foi extraído de uma chamada jornalística sobre o recadastramento de pescadores no Brasil. Do ponto de vista gramatical, a questão suscitada pelo texto é a do uso da preposição “de” na construção “é de que”. Terá o “de” alguma função nessa frase?
A resposta é negativa. A oração encabeçada pela conjunção “que” exerce a função de predicativo do sujeito, pois relaciona-se com o sujeito da frase (“A expectativa”) por meio do verbo “ser” (verbo de ligação), e o predicativo não é introduzido por preposição.
Para simplificar o raciocínio, substitua a forma verbal da oração “que sejam cadastradas mais de 600 mil pessoas” por um substantivo (“o cadastramento de mais de 600 mil pessoas”). Obteremos, assim, a construção “A expectativa é o cadastramento…”, e não “A expectativa é do cadastramento…”. Mais simplesmente ainda, “A expectativa é essa”, e não “A expectativa é dessa”.
Observamos, assim, que a preposição “de” não tem função alguma nessa frase. A esse uso desnecessário do “de que” já há quem chame de “dequeísmo”.
Para evitar o engano, basta verificar se o termo que antecede a oração iniciada pelo “que” requer um complemento preposicionado. Veja, por exemplo, a seguinte frase: “Há expectativa de que sejam cadastradas mais de 600 mil pessoas”. Nesse caso, a preposição “de” é necessária, pois encabeça o complemento do substantivo “expectativa” (“Há expectativa disso”, e não “Há expectativa isso”).
No texto selecionado, talvez por esquecimento, faltou a vírgula que deve isolar o aposto explicativo representado pelo nome do secretário regional da pesca. O correto, no caso, seria o seguinte: “O secretário regional da pesca, Paulo Nunes, espera…”.

Veja, abaixo,o texto reformulado:

O Governo Federal iniciou hoje o recadastramento de pescadores em todo o Brasil. A expectativa é que sejam cadastradas mais de 600 mil pessoas. Em Alagoas, o secretário regional da pesca, Paulo Nunes, espera registrar 12 mil pescadores.

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