Pesquisa mostra que universidades têm menos de 1% de professores negros

Menos de 1% de professores negros atua hoje nas universidades públicas brasileiras. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, que reúne 4,7 mil professores, o número de negros não chega a dez (0,2%). O indicativo é o mesmo na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde há 670 professores, três deles, negros. A Universidade de Brasília (UnB) tem 15 negros para um total de 1,5 mil profissionais (1%).

Os dados são de uma pesquisa pioneira, transformada no livro Inclusão Étnica e Racial no Brasil (Attar Editora, 208 páginas). O autor é José Jorge de Carvalho, Ph.D. em antropologia, professor da UnB e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O pesquisador aborda o sistema de cotas, a reserva de vagas para negros e índios nas universidades públicas e a composição étnica e racial de alunos e professores. A obra descreve como a sociedade brasileira reproduziu o grau extremo de exclusão, a ponto de se ver obrigada a propor mecanismos de reserva de vagas. O estudo revela ainda que o país tem apenas 1% de diplomatas negros num universo de mil profissionais.

Carvalho apresenta várias propostas para a inclusão dos negros e indígenas no ensino superior. “Estamos lutando, primeiro, para a inclusão no vestibular, mas é preciso compreender que o controle acadêmico, da ciência e do ensino superior por parte da etnia branca é de 99%”, destacou. “Por muito tempo ainda permanecerá deste modo iníquo.”

Segregação

Na opinião do pesquisador, o número de professores negros nas universidades públicas brasileiras é tão baixo que se converte em escândalo de proporções mundiais, dada a posição estratégica do Brasil. “Não encontro paralelo em nenhum país de composição multirracial e multiétnica equivalente à nossa que mantenha, em pleno século XXI, esse grau tão extremo de segregação”, afirmou. “Menos de 1% de professores negros nas universidades públicas em um país de 45% de população negra.”

O sistema público de ensino superior, segundo o pesquisador, está em retração e nem sequer consegue repor o número de vagas perdidas com aposentadorias. “Se não interviermos já, com uma política de acesso preferencial, poderemos passar facilmente mais cem anos amargando a posição nada lisonjeira de termos construído um dos sistemas acadêmicos mais racistas do planeta”, disse.

Fonte: Mec

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