Formação de professores do MST em Alagoas ganha registro do MEC

Uma experiência pedagógica inédita no País trouxe a Alagoas uma equipe da coordenação nacional do Programa de Formação de Professores em Exercício (Proformação), do Ministério da Educação (MEC). Eles vieram acompanhar e registrar o momento presencial do curso voltado para educadores que atuam em acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A atividade teve início há um ano e meio, por iniciativa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e deve compor um documentário que o ministério está produzindo sobre o programa, que em sete anos de funcionamento já garantiu que mais de 30 mil professores em atividade adquirissem o diploma de magistério.

Para conferir o funcionamento dessa experiência, veio ao Estado o assessor técnico da coordenação nacional do Proformação, André Luiz Martins, acompanhado de uma equipe de filmagem. Ontem, eles concluíram a visita à Escola Estadual Rocha Cavalcante, em União dos Palmares, para acompanhar as aulas do programa para 18 professores ligados ao MST, e à Agência Formadora de Arapiraca.

A proposta de registrar a atividade aqui no Estado partiu, segundo André Luiz, do próprio secretário nacional de educação à distância, Ronaldo Mota. "A experiência do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) com o Proformação é algo novo para nós. O Proformação tem uma metodologia bem definida, é um curso semi-presencial voltado para docentes que estão em sala de aula e não possuem qualificação para lecionar. Não imaginávamos que o material pudesse atender à educação rural", surpreende-se.

Nesse sentido, a idéia é verificar e colher depoimentos sobre como essa parceria está funcionando, como os professores vêm atuando, de que forma o curso traz ganhos para estas turmas, como elas levam isso para a sala de aula, e de que maneira vem sendo garantido que professores de assentamentos e acampamentos tenham acesso a um curso no qual boa parte das aulas é ministrada à distância.

Experiências Inovadoras

Ao mesmo tempo em que afirma a unidade do material que subsidia a formação de educadores em 11 Estados brasileiros, o assessor do MEC chama a atenção para a maleabilidade do programa. Além de atender a este público em Alagoas, também há experiências com educação indígena em Pernambuco e Roraima, onde André esteve antes de visitar Maceió. "O curso proporciona uma reflexão do professor em atividade sobre a sua prática, e neste sentido contribui para compreensão dele da sua atuação na comunidade em que se insere, o seu trabalho como ator social", explica.

Segundo ele, algumas atividades são voltadas para a investigação da realidade local e, mesmo não tendo um caráter de intervenção, esses trabalhos podem acarretar em mudanças positivas na educação, como é o caso de alguns educadores que fazem um estudo e questionam a falta de biblioteca na escola, e acabam chamando a atenção para um problema e, a partir daí, garantindo a sua superação; ou em outro caso, na adequação da merenda escolar. "São experiências riquíssimas espalhadas pelo Brasil", conta o assessor.

Parceria

Em condições normais, o Proformação é resultado de uma parceria entre governo federal, Estado e município. Mas neste caso específico do Pronera estão envolvidos o Incra, que garante o financiamento; a Fundepes, que gerencia; e a Ufal, que cuida da parte pedagógica. Devido às diferenças das demais turmas quanto às parcerias, a atividade teve alguns entraves burocráticos, já resolvidos.

"O importante é que hoje eles têm apoio e suporte. Um dos principais problemas enfrentados pela educação à distância é a evasão, mas quando há a presença humana, como é o caso do Proformação, essa realidade é revertida", esclarece o assessor. Além dos 10 dias de aula presencial ao início de cada módulo, há ainda o encontro quinzenal com os tutores.

Os professores que participam da formação têm o acompanhamento de três tutores, sendo um deles integrante do MST. São provenientes de assentamentos e acampamentos localizados nos municípios de Girau do Ponciano, Atalaia, Maragogi e da região de União dos Palmares. Os educadores contam também com o acompanhamento da Ufal, que é feito não somente na formação, mas também nas turmas de alfabetização.

Último ano

Este deverá ser o último ano de realização do Proformação em Alagoas. De acordo com Ana Carolina Coutinho, assessora do MEC em Alagoas, a razão é simples: não há mais demanda no Estado. O Proformação tem a duração de dois anos. "Até hoje, o programa já formou 821 professores em todo o Estado e temos mais 151 educadores em formação", informa Cristine Lúcia Ferreira, coordenadora local do programa.

Para Cristine, o Proformação tem uma grande importância na melhoria da qualidade de ensino, além de garantir o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), promulgada em 1996. "A LDB determinou que até 2006 não deveriam existir professores leigos atuando na rede pública. Entretanto, o governo federal entendeu que esta meta não poderia ser atingida em tão pouco tempo e prorrogou o prazo. Prefeituras e Estados, no entanto, devem se empenhar em possibilitar a qualificação aos seus docentes", enfatiza a coordenadora do Proformação.

De acordo com André Luiz, outro dado interessante é que muitos professores que passam pelo Proformação tomam uma "injeção de ânimo" e buscam a continuidade dos estudos, muitas vezes ingressando em cursos superiores.

"Alguns prefeitos chegam a ficar temerosos de investir no educador e ele acabar deixando o emprego. Mas isto parte também da percepção de que o município está investindo no profissional, e ele deverá dar retorno ao setor público", acredita, reforçando a importância dessa formação para a melhoria da qualidade do ensino. "Todo o material foi elaborado por especialistas de ponta. Não fosse o Proformação, dificilmente esses professores teriam

Fonte: SEE

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