Médico é preso por cobrar propina para furar fila de cirurgia

RIO – O médico cardiologista Alberto Nessim Endebo, de 50 anos, foi preso em flagrante nesta terça-feira após receber propina de R$ 500 para passar uma paciente na frente da fila e garantir o agendamento de uma cirurgia imediata no Instituto Estadual de Cardiologia, no Humaitá, onde ele trabalha.

O médico foi surpreendido por policiais em seu consultório particular, em Nova Iguaçu, após receber a quantia da paciente.

Segundo a polícia, a paciente Marinéia Pereira da Silva, de 48 anos, procurou os agentes com gravações de conversas que teve com o médico negociando o valor e a data para entrega do dinheiro. A consulta foi marcada para a manhã de hoje, e uma policial entrou com a paciente no consultório do médico.

Segundo o delegado titular, Roberto Cardoso, o médico estava preenchendo uma ficha do SUS quando outros policiais que estavam do lado de fora entraram para prendê-lo.

Para tentar se livrar do flagrante, Alberto amassou o papel e largou o envelope com o dinheiro sobre a mesa. O médico ainda alegou aos policiais que o dinheiro que recebera, assistido pela policial, era pagamento de consultas anteriores.

Na delegacia, a secretária do cardiologista contou que a paciente pagava suas consultas todas as vezes que ia no consultório, não tendo nenhuma anotação de falta de pagamento na ficha médica de Marinéia.

Marinéia era paciente de Alberto e estava com a cirurgia marcada para dezembro passado, mas na ocasião, uma funcionária do Instituto ligou apara ela cancelando o procedimento cirúrgico, alegando falta de funcionário.

Alberto foi levado para a 58ª DP e autuado no crime de concussão, (exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida), cuja pena vai de dois a oito anos de reclusão e multa.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que uma sindicância será aberta para apurar o caso. Segundo a secretaria, o centro cirúrgico está passando por reformas, mas três das cinco salas de cirurgia já foram reabertas. No mês de dezembro, foram realizadas 20 operações.

A secretaria não informou o número de pacientes na fila de espera por cirurgias. Disse apenas que a previsão é que em 90 dias fique pronto um plano para agilizar as operações e que o critério será priorizar os casos mais graves.

Ainda de acordo com a secretaria, as filas são conseqüencias das falhas na estratégia de prevenção de doenças cardíacas, de responsabilidade da administração municipal.

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) informou que também deverá abrir uma sindicância para apurar o caso e avaliar a possibilidade de abertura de um processo ético-disciplinar contra o médico.

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