Deputados admitem acordo para salvar colegas

Os rumores de "acordão" para salvar os nove deputados que ainda aguardam por julgamento na Câmara, acusados de envolvimento no esquema do "mensalão", foram reforçados ontem por parlamentares de pequeno e médio escalão – um dia após as absolvições do ex-líder do PT Professor Luizinho (SP) e do ex-ministro e deputado federal Roberto Brant (PFL-MG).

O petista Nilson Mourão (AC) confirmou ontem que, antes da votação no plenário dos processos de ambos os acusados, percorreu gabinetes da Câmara em busca de votos contra as cassações de Luizinho e Brant – que integra um partido de oposição ao governo.

"Eu falei com todo mundo. De todos os partidos. Pedia voto contra a cassação do Luizinho e também contra o Brant", declarou ao jornal Folha de S.Paulo. O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) foi outro a admitir que peregrinou em busca de apoio para ambos: "Aposto na absolvição dos dois", afirmou, prevendo o resultado do julgamento dos acusados.

Os próprios Brant e Luizinho já tinham anunciado que votariam um em favor do outro e confirmaram isso durante a sessão plenária. O pefelista Mussa Demes (PI) também esqueceu as rivalidades políticas e, pouco antes de a cassação de Luizinho ser votada, pediu a seu líder, Rodrigo Maia (RJ), para subir à tribuna e defender o petista. Recebeu a autorização e fez um dos mais entusiasmados discursos em favor de Luizinho:

"Não há razão para o deputado Professor Luizinho ser submetido a esse vexame", discursou.

Ontem, Mussa Demes reforçou que a estratégia pefelista adotada em prol de Luizinho será repetida durante a votação do processo contra o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP). Deputados de menor expressão, do "baixo clero", sinalizaram que a tendência é mesmo de absolvição de todos os supostos "mensaleiros" remanescentes.

"Porteira que passa bezerro passa boiada. A lógica agora é não cassar mais ninguém. Se caixa dois não é crime, como cassar os outros?", afirmou João Caldas (PL-AL), da base aliada do governo.

Porém Rodrigo Maia afirma que, como os processos passarão a ser votados em intervalos menores que os praticados até agora, a tendência é de que novas cassações sejam confirmadas:

"Quanto menor a distância entre uma votação e outra, menor a probalidade de absolvição, pois ainda não caiu no esquecimento a decisão anterior. Serão dois processos por semana e ficará muito difícil salvar mais mandatos", afirmou.

Fonte: Terra

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