Universidade do Amazonas terá graduação para indígenas

A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vai oferecer, a partir de
Janeiro de 2007, a primeira graduação do país totalmente ofertada em aldeias indígenas. O curso Licenciatura Indígena em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Comunitário será ministrado em línguas indígenas tendo o português como língua auxiliar.

A proposta da Ufam, que tem o apoio do Ministério da Educação, será
oferecida pela universidade em parceria com a Federação das Organizações
Indígenas do rio Negro (Foirn) e o Instituto de Desenvolvimento em
Política Lingüística (Ipol). O curso terá 120 vagas distribuídas nos pólos de Cucuí, no rio Negro, para os falantes do nheengatu; em Tarauacuá, no rio Uaupés, para os da língua tucano; e em Tunuí, no rio Içana, para os falantes do aruaque, baniua e curipaco. A duração será de quatro anos divididos em oito etapas presenciais e sete não-presenciais. Das 3.700 horas do curso, o aluno deve dedicar, obrigatoriamente, 1.600 horas para pesquisa.

De acordo com a coordenadora do projeto de implantação do curso e
Professora do Departamento de Geografia da Ufam, Ivani Ferreira de Faria, a proposta é formar professores indígenas para trabalhar em escolas indígenas e em línguas indígenas. "Com este projeto, a Ufam e seus parceiros dizem claramente que não querem promover o aldeamento educacional".

Currículo Diferente da concepção das licenciaturas indígenas oferecidas por instituições de ensino superiores federais e estaduais, o curso da Ufam não tem uma grade curricular pronta. A grade, explica Ivani Ferreira de Faria, será construída à medida que os alunos forem realizando suas pesquisas que serão fortemente ligadas às necessidades e interesses da coletividade.

"O norte do curso será dado pelas pesquisas de cada pólo, porque a
educação está ligada à vida da comunidade", diz. O curso não tem grade pronta, mas está sustentado em três eixos construídos em comum acordo pela universidade, Ipol e Foirn: políticas educacionais e escola indígena; patrimônio, cultura e cidadania; e desenvolvimento comunitário e questão territorial. O objetivo da proposta é formar professores-pesquisadores capazes de gerenciar e elaborar projetos para a sustentabilidade de suas aldeias.

Ao entrar em cada um dos três eixos, os professores indígenas
Participarão de oficinas com suporte teórico-científico que darão base aos projetos de pesquisa que vão desenvolver posteriormente. A licenciatura oferece também prática de ensino e estágio supervisionado. Os critérios para a seleção dos candidatos ao curso foram elaborados pela Ufam e as comunidades indígenas em seminários realizados em 2005. Entre os critérios estão: ter concluído o ensino médio, falar e escrever uma das línguas das aldeias do pólo, responder um memorial descritivo, mostrar domínio da língua indígena na entrevista e ser indicado pela comunidade.

Recursos Para custear esta proposta inovadora e descentralizada no Amazonas, a Ufam está buscando uma parceria com a Petrobrás. A coordenadora Ivani Ferreira Faria diz que os maiores custos do projeto estão no transporte, alimentação, materiais didáticos e salários dos professores que se deslocarão para as três aldeias durante os quatro anos do curso, 2007/2010. Para ir e voltar a Tunuí, por exemplo, são necessários 500 litros de gasolina. Além disso, será preciso construir uma maloca em cada aldeia que servirá de sala de aula, biblioteca, telecentro e refeitório para alunos e professores.

Fonte: Assessoria

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