“João Lyra foi um aliado da ditadura para se beneficiar da subserviência”

Alagoas24Horas/ArquivoTéo Vilela fala sobre seus projetos políticos

Téo Vilela fala sobre seus projetos políticos

A afirmação é do senador Teotonio Vilela Filho (PSDB), candidato ao governo de Alagoas. Diplomático e bem-humorado, o senador se diz seguro da vitória. Na entrevista a seguir ele fala de suas propostas, das alianças, do acordo dos usineiros e alfineta o deputado João Lyra, seu principal adversário. Para Teotonio, “A Onda Azul” construirá uma aliança social, diferente dos acordos firmados pelo seu opositor.

Por quê o senhor decidiu sair candidato para o Governo de Alagoas?

Eu tenho um propósito. Não sou candidato por conta de um capricho milionário e vaidoso. Eu vou levar adiante o que foi feito no Governo Lessa. Fizemos uma união de pensamentos diferentes.

Estes pensamentos diferentes que o senhor cita, criaram um cenário político interessante em Alagoas. O bloco liderado pelo PSDB é composto por partidos e pessoas que já foram criticadas pelo senhor. Um exemplo é o Alberto Sextafeira do PSB. O senhor ensaiou uma candidatura à Prefeitura de Maceió, e fez fortes críticas a Kátia Born, que era aliada de Lessa. Há também a presença do deputado Antônio Albuquerque (PFL), que é de um partido atualmente rival. Como o senhor explica estas alianças?
As forças diferentes se unem em torno de Téo Vilela, porque o meu nome foi escolhido por reunir condições de liderar um projeto. Alagoas está acima das nossas diferenças partidárias e políticas. Alagoas não pode esperar mais para ser alavancada. O Ronaldo Lessa arrumou a casa, agora é hora do pleno desenvolvimento.

Então, o senhor defende que a sua candidatura é uma continuidade do que foi o Governo Lessa?
Eu não diria continuidade. O Lessa nos deixa uma base social boa para um projeto de desenvolvimento para Alagoas. Ele (Lessa) deu funcionalidade à máquina pública. Agora é hora de pegar isto e seguir em frente e trabalhar.

Mas, o senhor já chegou a criticar o governo Lessa em momentos do passado. O que lhe leva a reconhecer, justamente agora, esta base social boa e esta funcionalidade?
Nós apoiamos o Lessa nas últimas eleições, porque já o ajudamos em Brasília – quando falo nós, digo eu e o senador Renan Calheiros – no seu primeiro mandato. Trouxemos recursos que deram governabilidade a Lessa. Ao procurar uma sucessão, ele buscou quem trabalhou junto com ele. Exemplos do nosso trabalho estão aí, o Aeroporto, o Canal do Sertão, o Centro de Convenções, as adutoras. São propostas nossas. Não há como estranhar esta parceria minha, do Renan Calheiros e do Ronaldo Lessa, porque ela já existia desde antes, apesar de algumas diferenças partidárias e políticas na eleição para prefeito.

O senhor e o candidato João Lyra representam o mesmo setor econômico do Estado. Setor este tantas vezes criticado por ser uma pequena elite dentro de Alagoas. Neste contexto, que diferenças o eleitor pode encontrar entre a candidatura do senhor e de seu principal adversário?
É uma pergunta interessante, pois me dá a oportunidade de pontuar as inúmeras diferenças. Sou um senador há 20 anos, eleito e reeleito. Com diversos serviços prestados e ações nos 102 municípios do Estado. Não há uma cidade, onde não haja um serviço meu. Participei de diversas comissões, entre elas a da seca, com o objetivo de possibilitar uma vida com mais dignidade para os alagoanos. Fui presidente do PSDB por cinco anos, e recebi o diploma Palavra de Honra, dado pelos trabalhadores por votar sistematicamente a favor deles.

Mas este não seria apenas um retrospecto político?
Mais que isto. Firma a diferença entre eu e meu adversário. Venho de uma história de enfrentamento da ditadura. Meu pai (o menestrel Teotônio Vilela) teve recursos cortados de suas empresas, por conta de suas posturas. E sempre vi isto o estimular a lutar pela liberdade. O João Lyra foi um aliado da ditadura para se beneficiar da subserviência. Há uma diferença na postura política, nas teses defendidas e na história de vida. O que o senador Teotonio Vilela Filho fez no Senado? O povo vai comparar e perceber que a distância entre eu e o meu adversário é imensa.

O deputado estadual e vice-candidato da outra chapa, Celso Luiz (PMN), disse que o senhor mente quando fala que o Aeroporto e o Centro de Convenções, por exemplo, foram conseguidos via emendas suas. Ele diz que são recursos enviados pelo presidente Lula, que estaria mais próximo de João Lyra, por ser PTB, do que do senhor, por ser um tucano. Como o senhor analisa as declarações do Celso Luiz?
O deputado Celso Luiz ou perdeu a memória, ou desconhece Alagoas. É evidente que os recursos são do Governo Lula, afinal ele é o presidente. No entanto, as emendas propostas à luta pelos recursos foram feitas por mim e pelo senador Renan Calheiros. O ministro Walfrido Mares Guia – que apóia o João Lyra – nos agradeceu pelos empenhos na liberação destes recursos. São vários, não são só estes. Os depoimentos do ministro estão gravados em mídias.

Por falar em elogios de um ministro do Governo Lula, o senhor apóia o Geraldo Alckmin para a presidência, mas o palanque do PSDB em Alagoas tem um aliado forte do presidente, que é o senador Renan Calheiros. Incomoda o senhor este cenário?
Não me incomoda esta brecha para o PT. Tenho segurança no projeto, mesmo com diferenças entre candidatos à presidência. Eu voto Alckmin, mas minha intenção é ajudar Alagoas. Volto a repetir, nós nos colocamos acima destas divergências. É Alagoas quem ganha com isto.

Voltando ao cenário local. O senhor deve ter lido recentemente as denúncias feitas contra o deputado João Lyra, sendo citado como autor intelectual na morte do tributarista Silvio Viana. Lyra atribui as acusações a motivações eleitoreiras, deixando em entrelinhas que viriam do outro grupo. Como adversários diretos, isso leva a crer que seria do seu grupo. Como o senhor analisa as denúncias feitas?
Não vou entrar em baixarias. As denúncias contra o João Lyra são uma questão que diz respeito à Justiça e a política. Eu estou fora disto. Não tenho nada a ver com isto e não farei nenhum comentário.

Como o senhor vê as alianças de João Lyra com a maioria dos deputados estaduais de Alagoas?
Esta é outra diferença entre eu e meu adversário. Eu uso a política para promover o bem das pessoas. Buscar cidadania. Enquanto no outro lado há um agrupamento para fazer política em torno dele. O povo alagoano tem demonstrado, pelo carinho que recebo nas ruas, que já entendeu a diferença. Confio na nossa vitória.

Existem outros candidatos que o preocupam, além do deputado federal João Lyra?
Nenhum candidato me preocupa. Eu me ocupo com a minha candidatura. Eu quero que todos os alagoanos participem deste meu sonho maravilho de avançar com este Estado, que dê confiança a todos. Agora, respeito todos os meus adversários. As candidaturas são legítimas para que eles defendam as suas idéias.

Uma das críticas feitas ao setor econômico ao qual o senhor pertence é o famoso acordo dos usineiros. Qual a sua opinião sobre este acordo?
O acordo dos usineiros não interessava ao Estado de Alagoas. Eu deixei claro à minha posição na época; não concordava com isto. Achava que era um atraso para o Estado. Minhas empresas foram beneficiadas, porque pertenço ao setor. No entanto, em nenhum momento fui a favor deste acordo dos usineiros.

Então o senhor concorda que os usineiros possuem uma grande dívida social com o Estado de Alagoas?
Não enxergo os usineiros como responsáveis pela dívida social. São muito componentes. A elite empresarial é responsável. Além disto, tivemos no passado uma ausência de gestão de planejamento. O último planejamento estratégico deste Estado tinha sido com o governador Luiz Cavalcante. Nós não avançamos com indústrias do pólo químico no tempo certo. Demoraram a investir no turismo, em hotéis; deixaram a Bacia Leiteira se desmoronar por falta de apoio aos produtores. Não houve apoio à agricultura familiar, que é a grande empregadora. São vários fatores. Também incluo as usinas de cana-de-açúcar dentre eles.

O que será prioridade para o senhor caso venha a assumir o Governo de Alagoas?
Melhorar a qualidade de vida dos alagoanos. A gente entra em qualquer residência deste Estado e sempre há alguém que não tem emprego. Este é o ponto. Dar emprego; dignidade. Agora, é preciso uma estratégia, porque emprego não cai do céu. Então, vejo um tripé: agricultura e indústria, desenvolvimento do turismo e educação. Apoio não por filantropia, mas para o desenvolvimento. Fixar o homem no campo e atrair empresas que preencham a lacuna do pólo-petroquímico. Desenvolver a estrutura do turismo para trazer grandes investimentos, pois o turismo movimenta a economia, aquece o comércio e a área de serviços. Tudo isto não é nada, se não houver educação, pois é preciso qualificar as pessoas para ocuparem as vagas que se abrirão.

O senhor é capaz de apontar qualidades e defeitos do Governo Lessa?
Claro. O Lessa colocou as instituições para funcionar, como por exemplo, a educação. Reduziu os índices, como a mortalidade infantil. Houve concursos públicos, melhorou os problemas burocráticos e elevou a auto-estima do alagoano. Faltou um pouco mais ousadia e uma arrancada de desenvolvimento, mas acho que faltou a oportunidade e as circunstâncias, que hoje temos. O Ronaldo pegou o Estado desarrumado. Graças ao que foi feito, eu pegarei um Estado melhor. Mas é claro que a vontade pertence ao povo e eu espero que se venha a confirmar o que eu sinto nas ruas.

Fonte: www.anoticia-al.com.br

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