Papa recebe representantes muçulmanos em Roma

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O papa Bento 16 se encontrou com enviados de nações muçulmanas, em uma tentativa de contornar a crise nas relações entre o Vaticano e o Islã, causada por uma palestra feita pelo sumo pontífice na Alemanha no início deste mês.
O papa expressou “total e profundo respeito” pela fé muçulmana e disse que o diálogo entre as duas religiões é vital para o futuro.

Em resposta, o embaixador do Iraque, Albert Telda, disse que "era tempo de deixar o ocorrido para trás e construir pontes".

O encontro buscou a reconciliação depois das reações tensas de comunidades muçulmanas em várias partes do mundo e de diversas exigências de retratação.

No discurso que fez na universidade de Regensburg, Bento 16 citou um texto do século 14 que definia Maomé como portador de "coisas más e desumanas como a difusao da fé por meio da espada".

Diálogo bem-vindo

O encontro desta segunda-feiras ocorreu na residência do papa, em Roma.

Embaixadores de 21 países e um representante da Liga Árabe participaram.

“Gostaria de sublinhar o meu total e profundo respeito pelos muçulmanos”, disse o papa.

Bento 16 pediu um diálogo sincero e respeitoso e afirmou que ambas as religiões deveriam rejeitar todas as formas de violência.

Ele citou seu antecessor, João Paulo 2º, dizendo que o mundo precisa de “reciprocidade em todos os campos”.

Depois de seu discurso, o papa cumprimentou todos os enviados, um a um.

Entre os que presenciaram o encontro, estavam o cardeal Paul Poupard, chefe do Conselho de Diálogo Inter-Religioso, representantes muçulmanos na Itália e embaixadores muçulmanos no Vaticano.

De acordo com Poupard, o encontro era um sinal de que o “chamado do Santo Papa por um diálogo entre culturas e religiões foi bem aceito”.

Ponto de partida

Yahya Pallavicini, vice-presidente de uma das principais organizações islâmicas da Itália, disse esperar que a reunião “fosse o ponto de partida para um diálogo” para fiéis e estudiosos das religiões católica, judaica e muçulmana.

José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, defendeu o papa, dizendo que mais líderes europeus deveriam seguir seu exemplo.

“Fico desapontado que mais líderes europeus não tenham vindo a público e dito: ‘Naturalmente, o papa tem direito de expressar seus pontos de vista’”, teria afirmado Barroso, segundo o jornal alemão Welt am Sonntag.

“O problema não são os comentários do papa, mas a reação dos extremistas”.

“Mal-entendido”

O pontífice disse “lamentar profundamente” as reações ao discurso que feito no sul da Alemanha no começo deste mês.

Na quarta-feira, o papa afirmou que foi “mal-interpretado” no discurso da Bavária.

Falando de guerra santa, o papa citou o Manuel 2º, Imperador cristão ortodoxo que na Idade Média dominava Bizâncio, área que compreende a atual Turquia.

"Mostre-me tudo o que Maomé trouxe de novidade, e encontrarás apenas coisas más e desumanas, como sua ordem de espalhar com a espada a fé que ele pregava", teria dito o imperador católico, segundo Bento 16.

Segundo o papa, a sua real intenção era a de dizer que “religião e violência não andam juntas, mas que religião e razão, sim”.

Fonte: BBC

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