Contagem regressiva para a inauguração da exposição “Razões do Coração”, na próxima quinta-feira (8), em Maceió, na galeria Fernando Lopes. O artista Pedro Cabral diz que os 50 quadros que ocuparão o espaço do Cesmac dedicado às artes visuais, à rua Cônego Machado, s/n, bairro do Farol, “estão todos prontos”. “Isso quanto à pintura. Mas sempre que passo por um deles, sinto a necessidade de um retoque e será sempre assim”, diz Cabral, avisando que “falta apenas emoldurar algumas telas”.
Essa é a primeira exposição individual de Pedro Cabral, que é professor de Arquitetura e Urbanismo na Ufal e que há 20 anos pesquisa, estuda, além de ter participado de inúmeras exposições coletivas, como as recentes “Amostra grátis” (2015), “Cadeiras” (2014) e o 29º Salão de Artes da Marinha (2013). Atualmente, divide com a artista Edir Cesar a exposição “A Vida ganha Arte”, que comemora os oito anos do Hospital do Coração de Alagoas, cujo projeto arquitetônico é do próprio Cabral.
Ele diz que “o resultado” de cada novo quadro “é sempre uma tremenda expectativa”. “Nunca sinto que estou agradando. Sempre creio que preciso melhorar.” Mas quem conhece o trabalho desse artista maceioense não duvida que, para além da ambição de toda obra, trata-se de um projeto muito bem acabado e notavelmente sedutor. Inspirando-se no próprio cotidiano amoroso e familiar, nas cores e temas da cultura regional e nordestina, Pedro Cabral busca referências, também, nos mestres impressionistas do final do século 19 e começo do século 20, como Van Gogh e Matisse.
“A obra do Pedro Cabral é modernista”, diz o curador da exposição, o pesquisador e crítico de artes Ricardo Maia. “Ela é contemporânea porque é pintada nos dias atuais, mas a afinidade estética e filosófica – não cronológica – é com o modernismo. Ele é fauvista, que é o que mais caracteriza o modernismo, que atualiza e se conecta com a história universal da arte. É nessa ideologia estética dos anos 1904 a 1907 que ele baseia sua obra.”
Para o curador, Cabral é um “fauve caeté” – ou seja, fera caeté. Alinha às cores selvagens do impressionista do francês Henri Matisse (1869-1954) ao panorama vibrante da cultura popular alagoana e nordestina. “Ele mastiga o estrangeiro fauvista. É um trabalho feito com muita competência técnica e estética e que tem uma personalidade artística própria. Você olha e vê que a obra é de Pedro Cabral, antes mesmo de notar a assinatura dele.” “O que me deixa feliz é que consegui com Ricardo Maia”, afirma Cabral, “formatar um enredo a partir do tema razões do Coração.” O artista explica que o espaço da galeria foi dividido em alas “com subtemas que remetem à razão e à emoção”. “Os amores, os poetas, a música, a dança, os movimentos, as correntes artísticas, a cultura local, a nossa memória são razões tratadas”, conclui Pedro Cabral, convidando todos ao vernissage na quinta-feira.
“Espero que o público consiga aparecer e analisar se essas razões transformadas esteticamente merecem atenção ou não.”