Bispo Filho
Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.
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Uma das premissas de qualquer tratamento da dependência química, é: evite lugares, pessoas e hábitos que lembrem o uso de álcool ou drogas.
E aí?
Como fazer nesta época de fim de ano onde só se fala em confraternizações e festas, que para nós brasileiros remete ao uso principalmente de álcool, muito álcool. O fim de ano para uns é época de comemorar o ano que se finda, para outros chorarem pelo ano que não foi como gostaria de ter sido e brindar e festejar passa a ser a regra.
Para o dependente químico é uma época de tormento, ansiedade, dúvidas e angústias, pois como sobreviver a esse momento sem uma recaída, ou mesmo sem sofrimento causado pela autopiedade ou pela falta de habilidade de lidar a situação e com a pressão da própria família e sociedade.
Para se ter ideia de como é, imaginemos uma festa onde você não pode beber, é muito interessante porque vivemos em uma sociedade etílica, onde se deduz que todos bebem, então você chega a festa e a primeira coisa que te perguntam é: vai beber o que? E se responder que vai de água ou refrigerante a maioria das vezes perguntam o porque, ninguém pergunta por que você bebe, mas quase todos perguntam porque não bebe, e algumas pessoas ainda insistem para que você mesmo assim beba. E tem mais, em uma festa onde a grande maioria faz uso de álcool, todos ficam eufóricos e muitas vezes após algumas horas fica quase insuportável a convivência com a embriaguez dos convidados.
Além do que você fica praticamente sem assunto e sem a motivação de conversar ou de se relacionar com a maioria das pessoas, devido ao tipo de conversa que se tem após algumas doses. É extremamente difícil para quem NÃO pode beber. É preciso saber o que e como fazer nestas festas, senão se rende à tentação e a recaída torna-se certa, e todo um trabalho, todo um esforço se vai a uma dose ou num copo de bebida, que para as pessoas em geral é apenas uma dose, mas para o dependente químico é o início de uma série de recaídas ou até mesmo de ser abertura para buscar outras drogas e usá-las por dias ou meses sem conseguir parar.
As pessoas da festa vão para casa e os dependentes para a rua atrás de mais e mais drogas, geralmente culminando em mais uma internação, recebendo ainda as críticas das mesmas pessoas que o induziram ao uso de apenas uma cervejinha ou dose.
Texto: Danilo Della Justina
Psicólogo CRP 15/2070
Doutorando em Psicologia Social