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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Fechado.com

Causa-me espécie quando ouço, principalmente da parte de amigos, a expressão  “fechado com fulano“.   Esse tipo radical de proclamação incondicional à sua escolha política, reflete um comportamento perigoso se levado às últimas consequências e que, até bem pouco atrás,  era percebido  apenas  do “lado de lá”, quando muitos  demostravam total negação de dolo ou má fé por parte daquele senhorzinho que se dizia a alma mais honesta do país, mas que hoje não passa de um mero zumbi político.

Hoje vejo alguns abandonarem o bom senso e fazerem exatamente o mesmo, se dizendo fechado incondicionalmente com um político, consequentemente fechando os olhos para o bom senso.
  Quando  fechamos com algo, nos fechamos para o novo -sejam fatos ou opções- e isso é perigoso principalmente no campo político, onde os interesses dessa área nem sempre são puramente  republicanos.  Esse comportamento passa a nos exigir  uma tolerância quase cega, provocando o máximo de distensão em nosso ponto de ruptura.
Mas, porque agimos assim?
Bem, é certo que o ser humano tem a tendência natural de colecionar ídolos -é assim na religião, no futebol e na política também -não esqueçamos que a obediência cega e “fechada” já levou muita gente à fogueira e à forca no passado, muitas vezes por denúncia de pessoas próximas ou da própria família.
Este que vos escreve não consegue nem ver-se fechado com nada além da  sua  família  e só. Jamais com homens ou mulheres que escolhem a política como meio de ganharem a vida.
Portanto acirremos nossos ânimos e aplaquemos nossos egos para não nos fechamos absolutamente com nada ou ninguém da política.  O risco de sermos  feitos de bobos um dia  é enorme, que provocará frustração, desencantamento e  por fim, ódio “contra tudo que está aí”.
 Que tal então adotar um racionalismo pragmático e atento? Que tal rever eventualmente suas escolhas e vislumbrar outras opções caso apontem no horizonte?
  Destarte, acredito que o mais sensato é fecharmo-nos para o que não desejamos de jeito algum, e a partir daí fazermos nossas escolhas. Estaríamos fechados apenas com os nossos “nãos” e não com os nossos “sins” -sem idolatria, sem cegueira e espancamento do bom senso.
 Não custa deixar claro que mesmo não estando fechado com o político A, votaria nele novamente quantas vezes fosse para manter o político B bem longe do poder. Sei bem o que eu não quero para mim e para meu país  e isso é o que pesa na minha decisão política. O resto é idolatria e ilusão.

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