Dois dias após o assassinato de seu motorista, Amaro Antônio dos Santos, 45 anos, o advogado Richard Manso prestou depoimento ao delegado titular do 4º Distrito Policial, Robervaldo Davino, que ouviu também na tarde desta quarta-feira (18) a cunhada do advogado, uma das últimas pessoas a conversar com a vítima.
Amaro foi executado enquanto aguardava a filha de Manso sair da aula de inglês, no bairro da Gruta. Ele estava dentro no Fiat Uno de placa NLZ-5689/AL, quando foi alvejado com um disparo de fogo que atravessou o vidro fechado e o atingiu na cabeça.
“Ele deixou a minha cunhada em casa, na Gruta, e foi aguardar a saída de minha filha, que tem 15 anos, da aula de inglês. Ele trabalhava há 14 anos no fórum e há dois anos trabalhava comigo no horário da tarde. Era uma pessoa de confiança e tanto eu quanto à família não temos conhecimento que ele tivesse inimizades”, contou Manso.
Com relação as declarações do deputado Judson Cabral (PT) – de que Manso poderia ser o verdadeiro alvo dos criminosos – o advogado disse: “Tudo é possível. Todo mundo é suspeito e não descarto nada: assalto, tentativa de homicídio contra mim ou até mesmo um ‘recado’”, disse.
Judson Cabral usou a tribuna da Assembleia Legislativa na sessão de terça-feira (17) para cobrar empenho das autoridades na elucidação do crime e lembrar que Richard Manso é conhecido pela postura combativa no meio político, já tendo sofrido várias ameaças de morte em razão de suas denúncias.
Críticas ao governo e a assembleia
Durante o depoimento, o advogado lembrou que há dois meses tentaram invadir a sua residência, no Tabuleiro, e que na ocasião ele não prestou queixa por considerar o fato irrelevante. “Agora nada mais é irrelevante, vou prestar queixa de tudo, até do governador, que não dá condições de trabalho para as polícias. Como depoente, paguei do meu bolso para tirar cópias de documentos porque a delegacia não tem estrutura, trabalha com carência de material técnico e humano. Eu culpo o Governo por tudo o que está acontecendo no Estado”, desabafou.
Levando ao pé da letra a crítica, Manso creditou ao governo até mesmo a desobediência do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Toledo em cumprir as decisões da justiça alagoana: “O presidente da Assembleia instiga a sociedade a uma desobediência coletiva, e isso também é culpa do Governo, que está por trás dessa desobediência”.
“Do jeito que Alagoas está, todo dia eu rezo a Deus e a Nossa Senhora para chegar em casa vivo”, concluiu o advogado, tirando dos bolsos do paletó um terço que sempre o acompanha.
O delegado Robervaldo Davino disse que continua a colher depoimentos e espera concluir o inquérito em 30 dias. Ele adiantou que nenhuma linha de investigação está descartada por enquanto: “O assassino efetuou um único disparo e talvez nem tenha visto se atingiu o alvo. Isso é estranho e foge da rotina, mas estamos analisando tudo”, afirmou.