Nayara: seqüestrador disse ‘sou o cara’

São Paulo – Em depoimento no 6° Distrito Policial de Santo André, região do Grande ABC Paulista, na quarta-feira, após ser liberada pela primeira vez do cativeiro onde era mantida com a amiga Eloá, Nayara, 15 anos, descreveu Lindemberg Rodrigues Alves, 22 anos, como um seqüestrador agressivo e arrogante. Além de bater na ex-namorada com "tapas, chutes e puxões de cabelo", agrediu também o irmão da adolescente e um amigo dela com tapas no rosto. Orgulhoso após disparar a arma, o suspeito afirmou ser "o cara" e "o príncipe do gueto".

Ainda de acordo com o depoimento concedido à polícia na quarta-feira e divulgado hoje, a invasão aconteceu pouco antes do almoço, enquanto Eloá preparava a comida. Nayara ajudava no serviço e havia ido ao quarto dela arrumar camas. Nayara, Iago e Victor foram surpreendidos por Lindemberg, que estava de arma em punho. Ao dominar Eloá, mandou que todos fossem para o quarto dela.

Ele demonstraria estar nervoso com o fim do relacionamento e pelo fato de não aceitar que ela não queria reatá-lo. Afirmaria ainda, de acordo com o depoimento, estar "uma pilha de nervos", que esperava encontrar a ex-namorada sozinha e que "não sabia o que iria fazer".

Escudos humanos

O cárcere privado foi anunciado por Lindemberg em um telefonema com Aldo, pai de Eloá. Aldo teria dito que considerava Lindemberg "como um filho" e que era para ele "parar de agir daquela maneira". Lindemberg teria respondido que respeitava e considerava Aldo, mas que ele tinha "pisado na bola" com ele. Quando ia à janela, Lindemberg levava Eloá e Iago como escudos humanos.

Os garotos Victor e Iago foram liberados após se sentirem mal e mediante a condição de que as meninas ficariam. As negociações tiveram início com o sargento PM Atos. Lindemberg disse que o PM não estava acreditando nele e que somente iriam "botar uma fé" quando uma das reféns fosse morta. Em dado momento, disse "olha o que eu vou fazer" e teria dado um tiro na direção do sargento. Em seguida, teria começado a rir e dito "eu sou o cara". Ele afirmou que os PMs "tinham medo".

Ao observar que o prédio estava isolado, disse que era "o príncipe do gueto" e que "mandava no local". Ao pegar o celular da ex-namorada e ver um recado, perdeu controle e começou a questionar Eloá e Nayara sobre quem mandou. Ele foi ao banheiro com Eloá, viu PMs e outras pessoas no átrio e atirou contra elas.

Beijo repelido

Para dormir na noite de segunda-feira, Lindemberg amarrou Nayara e Eloá com fitas adesivas e camisas. Teria tentado beijar a ex-namorada, mas foi repelido por ela. Depois disso, de acordo com o depoimento da adolescente, não teria tentado mais nenhuma aproximação amorosa enquanto ela estava no apartamento.

Nayara foi liberada no final da noite de terça-feira, após uma breve discussão. Lindemberg ficou pensativo por uns instantes, acendeu a luz e levou Nayara até a porta. O seqüestrador a mandou correr e disse que, se ela saísse devagar, poderia receber um tiro em suas costas. Nayara encontrou 3 homens do Grupo de Ações Táticas especiais que a levaram aos parentes.

Durante as 30 horas em que a menina esteve em poder do seqüestrador, este fez, de acordo com ela, "quatro ou cinco disparos", um contra o negociador, outro contra populares ao redor do prédio, outro no computador de Eloá. O quarto e o quinto disparos teriam sido feitos no banheiro, sem que ela visse.

Redação Terra

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