Jovens investem mais na poupança

Pelo menos 1,5 milhão de crianças a adolescentes, de um a quinze anos, são investidores da Caixa Econômica Federal (CEF). Nos últimos quatro anos, a quantidade de poupadores do gênero avançou cerca de 26%. Juntos, eles possuem pelo menos R$ 1,8 bilhão depositados no banco oficial, o que corresponde a cerca de 2,3% do montante depositado na CEF até fevereiro de 2008.

Os investimentos de crianças e adolescentes na caderneta são geralmente feitos pelos pais, que pensam no longo prazo, como a geração de economias para pagamento de educação, por exemplo. Porém, o consultor de finanças e autor do livro “Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos”, Gustavo Cerbasi, avalia que o conceito de aplicar na caderneta, pensando no longo prazo deveria ser revisto pelos investidores.

Ele recomenda, como alternativa, a abertura de Plano de Previdência privada para os filhos. “Na modalidade PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), inclusive, há desconto de até 12% da renda bruta anual para quem faz a declaração do Imposto de Renda (IR) no modelo completo”, observa o especialista. Dentre os planos de previdência privada, o PGBL é o mais flexível, pois permite resgate dos valores aplicados de maneira menos burocrática, mas o prazo de carência, que varia de contrato para contrato, deve ser respeitado quando o investidor optar pelo saque.

Previdência Privada – Cerbasi ainda acrescenta que, mesmo os planos que aplicam parte dos seus recursos em ações são recomendáveis, pois a legislação limita a exposição destas modalidades de investimento às oscilações do mercado de renda variável. Ele ainda acrescenta que, depois de investir numa modalidade de baixo risco, os pais poderiam aplicar parte dos recursos que reservam para os filhos em fundos de ações, ou mesmo optar pela compra direta dos ativos na bolsa.

A opção de investimento em plano de previdência privada foi seguida pela auditora fiscal Anna Paula Meira. Ela avaliou cenário da educação no país, projetou sua situação financeira quando estiver aposentada e não teve dúvidas. Decidiu por um PGBL para bancar a educação dos filhos Andessa, de 15 anos, e Lucas de 14, na universidade e numa provável pós no exterior.

“Vi que a tendência é de uma dificuldade maior para o ingresso na universidade pública e que é interessante também para a formação deles um período de intercâmbio ou uma especialização”, avalia Anna. Além de um depósito mensal, para garantir uma quantia suficiente no final de cinco anos, Anna Paula faz aportes eventuais, toda vez que há folga no orçamento.

Educação –Um outro aspecto da pesquisa da CEF é que 34% das pessoas que investem na caderneta têm entre 25 e 40 anos. Cerbasi observa que estes seriam os pais, uma geração nascida num contexto no qual o ambiente econômico do País está mais seguro para as aplicações. O mercado se depurou, após episódios como o confisco da poupança, no governo Collor, ou mesmo a quebra de grandes bancos, como Econômico e Santos.

Grande parte dos investidores de 25 a 40 anos usa a praticidade dos investimentos na caderneta a fim de migrar para outras aplicações mais rentáveis, oferecidas pelo mercado financeiro, observa Ricardo Araújo, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Não é aconselhável investimentos na caderneta para quem tem em mente o longo prazo”, avalia o professor.

Curto prazo – Ele observa que, no Brasil, as pessoas têm um sério desconhecimento em relação aos instrumentos do mercado financeiro que podem “fazer o dinheiro trabalhar para você”.

Ele acrescenta que a caderneta, ao contrário do conceito tradicional, poderia ser usada para objetivos de curto prazo, com metas, algo como comprar um carro novo, por exemplo. “Neste caso, o investidor deve pensar nas vantagens da poupança, que não cobra taxa de administração ou imposto de renda”, avalia.

Ricardo Araújo, porém, acrescenta que os rendimentos da poupança asseguram ao investidor a rentabilidade de 6,17% ao ano, mas parte da performance pode ser prejudicada pela inflação, o que diminuiria a rentabilidade do investimento a longo prazo.

O economista da FGV, observa que, no momento, o mercado projeta alta para os juros futuros, o que torna a compra das Letras do Tesouro Nacional (LTN) uma boa opção de investimento para os pais que queiram garantir recursos para a educação dos filhos. Há títulos públicos com vencimento em 2017, e rentabilidade pré-fixada em 13,6% ao ano, performance muito superior à caderneta.

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